sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Aprendeu-se a liberdade
Combatendo em Guararapes
Entre flechas e tacapes
Facas, fuzis e canhões
Brasileiros irmanados
Sem senhores, sem senzala
E a Senhora dos Prazeres
Transformando pedra em bala
Bom Nassau já foi embora
Fez-se a revolução
E a Festa da Pitomba é a reconstituição

Jangadas ao mar
Pra buscar lagosta
Pra levar pra festa em Jaboatão
Vamos preparar lindos mamulengos
Pra comemorar a libertação

E lá vem maracatu
Bumba-meu-boi, vaquejada
Cantorias e fandangos
Maculelê, marujada
Cirandeiro, cirandeiro,
Sua hora é chegada
Vem cantar esta ciranda
Pois a roda está formada

Cirandeiro, cirandeiro, oh
A pedra do seu anel
Brilha mais do que o sol

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Maicon Tenfen.
Maicon Tenfens, escreve crônicas semanais para o Diário Catarinense e crônicas diárias para o Jornal de Santa Catarina, ambos do Grupo RBS.
Além de seus vários livros públicados.

Na minha opinião um dos melhores escritores da nossa Região, com o qual tive o prazer de estudar durante 3 anos!



Políticos na TV - Maicon Tenfen.

Ninguém é capaz de imaginar o ódio que me assaltava quando a Propaganda Eleitoral Gratuita substituía a programação normal da TV. Isso era particularmente irritante no horário nobre, antes da minha, da sua, da nossa novelinha das oito. Dava até vontade de quebrar o televisor, ou então de arranjar alguns daqueles bonecos de vodu e alfinetar todos os malditos candidatos boçais e inoportunos que obstruíam meu sagrado direito ao lazer.

- Choldra ignóbil! - eu gritava e aproveitava para exercitar o vocabulário. - Bucéfalos! Biltres! Mentecaptos!

Mas isso foi há muito tempo, numa época em que eu tinha uma concepção purista da vida pública e ainda dava bola para a teledramaturgia nacional. De lá para cá, minhas opiniões mudaram que foi uma beleza.

Não pensem que vou bancar o hipócrita e pedir desculpas por minha aparente alienação. Num país onde se rouba às claras e na cara-dura, nada mais comum que o eleitor se aborreça com toda e qualquer ladainha sobre nossa realidade política, ainda mais quando estamos prestes a descobrir quem matou quem e por que na vida de mentirinha.

Também não vou dizer que amadureci e coisa e tal, ou que me tornei mais tolerante com os políticos, que infelizmente de modo geral continuam boçais e inoportunos. A única verdade compartilhável, confesso, é que de repente percebi como podem ser divertidos os "esquetes" da propaganda eleitoral. Nesses tempos em que se nota uma evidente crise de criatividade na TV brasileira, com excesso de reality shows e guinadas inverossímeis na trama das oito, o desfile das caricaturas que se apresentam como candidatos bem pode representar uma compensação ao telespectador.

E isso vale tanto para os exemplos nacionais como para os locais. Alguém aí consegue esquecer o homenzinho careca e barbudo que, graças ao slogan "Meu nome é Enéas!", conquistou o eleitorado e chegou a ocupar uma cadeira no congresso? E aquele outro ali do Oeste, o candidato-travesti, que falava grosso e afirmava que, na política, é preciso ter peitos?

Todo mundo viu: candidatos vestidos de ninja ou super-herói, candidatos que não conseguem soletrar o próprio nome, candidatos que criam os bordões mais estapafúrdios, candidatos que já prometeram derrubar a lei da gravidade e até mesmo combater a ejaculação precoce do eleitorado, a fauna é enorme e variada. Se você é daqueles que andam meio entediados com a TV, vá por mim: assista aos programas do horário eleitoral e revigore o bom humor.

Foto: Cládia Eggert.
O Paraíso, quer dizer... Guarda do Embau.

Mais fotos?

Visitem:
http://claudiaeggert.multiply.com/

quarta-feira, 27 de agosto de 2008


Desenho: Marcia Raquel Boger.

O QUE É ARTE?
Arte e moda.

Este conceito de arte e sua relação com a moda, foi desenvolvido por mim a partir de idéias discutidas em sala por alunos e pela professora Carla, ambos do curso de Design de Moda da ASSEVIM, do vídeo de um desfile de Jun Nakao e do texto “Moda é Arte? A consultora Mariana Rocha aquece a discussão”.

A arte não é o belo nem o estranho. Arte é aquilo que nos provoca, que desperta sentimentos em nós admiradores, e digo admiradores porque é isso o que realmente somos diante de algo artístico, pois a única e necessária função da mesma é ser admirada.

O artista quando cria, desenvolve uma idéia, porém quando sua criação é apresentada a nós observadores, passamos para a fase de criação também, criamos em nossa mente um conceito particular uma idéia nossa em cima do desenvolvimento de alguém. Todos somos criadores, de uma forma ou de outra.

Para Bruno Leonardo Hellmann, publicitário e pesquisador da história e ritmos Afro Brasileiros em seu tempo livre, a arte é simplesmente a mais profunda expressão dos sentimentos. Eu concordo com ele, pois quem cria usa aspectos que estão dentro de si, mesmo que crie baseado em acontecimentos sempre haverá uma ligação entre os sentimentos ocultos e um desenvolvimento de uma obra.

Resumindo, arte é algo provocante, admirável, imaginário e único.

E qual sua relação com a moda?

Pois bem, pra mim, moda possui apenas caráter artístico, ela provoca, impressiona, nos faz mergulhar a fundo em um conceito assim como a arte. No entanto, não pode ser julgada como arte, pois possui outras finalidades como, por exemplo, a roupa no vestir, os objetos como decoração e assim por diante. Além do mais, a moda desde o surgimento sempre foi algo desejado, e as pessoas usavam e usam a moda como aparência.

Por: Márcia Raquel Böger

Arte e Cultura
Design de Moda
Associação Educacional do Vale do Itajaí-Mírim – ASSEVIM
26/08/08


____


Fui citado no texto a cima!
Que legal em...


____


Contribuições!?
Envie para:
brunohellmann@hotmail.com (msn tb).

terça-feira, 26 de agosto de 2008


Canto do Morcego.
Foto: Nayama - Itajai.

Amigos, simpatizantes e visitantes deste Blog. Como sabem e já dito neste portal está sendo realizado um ataque a nossa praia (Praia dos Amores) em nome da “urbanização”.
Talvez alguns me chamem de retrógado ou utópico, mais não vem ao caso.
Por algumas razões percebo que devemos lutar contra ao que está acontecendo. Ontem 21/08/08, na Câmara de Vereadores de Itajai, cerca de 350 pessoas assistira a um vergonha pública, ministrada por nossos “Governantes”.
Numa seqüência cínica e patética de encenações o legislativo municipal aprovou, sob proteção de seguranças privados e da polícia de choque, a destruição dos remanescentes naturais de Itajaí. O projeto n° 23/2008, encabeçado pelo atual executivo de Itajaí, com a FAMAI de mestre sala, altera sem a devida discussão técnica e sem audiência pública a ocupação urbana do município, permitindo a construção de prédios até a cota de 70m, incluindo áreas de preservação permanente como todas as encostas e morrarias do Canto do Morcego e da Praia Brava, e qualquer área até então protegida da predatória indústria da construção civil catarinense – a mais criminosa do país, conforme dados oficiais do Ministério Público. Foram horas de cenas indigestas, de tentativas de dispersão da massa de populares que ali estava para cobrar uma postura ética dos vereadores. Chegaram a chamar representantes dos movimentos presentes para uma reunião de cúpula, onde acordaram que não iriam votar o tal projeto naquela sessão, e sim discutir a convocação de uma Audiência Pública. Isso foi devidamente gravado por um dos líderes populares lá presentes. Quando voltaram ao Plenário, depois de muito tempo, perplexos com a perseverança da maioria das pessoas, simplesmente fizeram o contrário do acordado. Votaram, sem olhar para o público, o projeto e o aprovaram em quase unanimidade. Apenas uma vereadora não quis votar, mas sequer se manifestou ou deu satisfação ao clamor popular que lá estava. Oportunismo... Cenas que em nada ficam devendo às piores cenas da política nacional que assistimos na TV quase todos os dias. Gente subletrada, antiética e amoral decide, na contramão da vontade popular e das verdades técnicas, que o patrimônio público e natural deverão ser artificializados e privatizados, cinicamente repassando a um futuro que eles não têm capacidade de vislumbrar, o ônus das conseqüências negativas e da reparação dos danos de seus atos. Fico me perguntando se aquilo era o fim de uma luta, se não podia ser feito algo para mudar aquela situação perversa, fascista e ditatorial; e se aquilo é que era democracia... Apelo por um mínimo de decência por parte dos legisladores, que só se dignaram a fazer sorridentes gestos de “positivo” ao grupo de empresários que lá estava. Foi de embrulhar o estômago. Sensações de profunda tristeza.

Espero que os colegas se interem do que aconteceu e achem uma forma de protestar e reagir contra o que aí está e que tanto dano gerou e está gerando aos cidadãos de bem de nossa cidade. O que se aprovou é um absurdo do ponto-de-vista técnico e do ponto-de-vista dos interesses sociais, comunitários e ambientais.


Adaptação: Texto Prof. Leonardo.


*Contribuição: Ana Sardo Goularte.

* Foto: Nayama.
___


Diga não a Verticalização!


___

segunda-feira, 25 de agosto de 2008


Foto: Tauna Sofia.
http://www.flickr.com/photos/tauanavi

"...logo ali oh, na Barra de manhazinha...
O galo canta anunciando um novo dia
regata a cima vai trilhando a beira mar
e ao jogar sua tarrafa advinha?
Sua bateira estava lá, a lhe esperar"
Tarrafa Elétrica.

Simpáticos, sorridentes, criativos e conversadores, os pescadores têm muito o que contar. Profissão antiga, que aos poucos foi se modernizando, tornando-se difícil para quem não consegue se adaptar. Sujeitos à chuva, sol, ventos fortes, correntezas, dias sem dormir e saudades da terra, tentam manter o riso. Nesta minha busca em conhecer mais a profissão, percorri algumas colônias de pescadores e uma extensão. Fiz entrevistas com presidentes, diretores e com os próprios pescadores. As conversas na beira do mar e piadas enquanto jogavam baralho e dominó colaboraram tanto quanto as pesquisas e entrevistas. Dentre as colônias visitadas estão à Colônia do peso Z1 (Rio Vermelho), A Mariquita união dos pescadores filiada Z1(Rio Vermelho), Colônia de pescadores COOPY Z6(Itapuã) e a extensão da colônia de Itapuã, que fica em Piatã. Todas diferenciadas em vários aspectos e integrantes cheios de história para contar.

“Quem inventou o náilon merece ser enforcado nele”, brinca o pescador da colônia Z6, Nilson sobre a substituição do fio de linha pelo náilon. Apesar de seus benefícios e duração eterna, o náilon queima muito mais a pele do que a linha. Mas o náilon não foi o único instrumento que possibilitou uma pesca moderna. Sondas e barcos motorizados deram início a pescas mais lucrativas.

Se antes a comida era esquentada numa fogueira no interior do barco com muito cuidado para não queimar as linhas, hoje fogão e gás facilitam a preparação: “Naquele tempo era fogão de pedra. Tinha que jogar água logo para apagar, porque ia fogo pra tudo que é lado, ainda mais com ventos fortes”, diz Nilson. “Os barcos têm medicamentos, rádio, coletes, bússolas. Não é como antes, a base de remo. Quase todos são motorizados. Não tem mais precisão de sair de madrugada. A rotina é 6h, 7h da manhã. Levantam, pegam seus equipamentos, pegam o barco e vão à luta”

Mas nem todos conseguem acompanhar a modernização. Com poucos barcos motorizados, a maioria a vela, peças deteriorizadas, sem apoio ou dinheiro para reestruturação, a colônia Z1 se encontra abandonada. Com mais de 100 barcos parados, o silêncio e a tranqüilidade do local escondem o sofrimento de uma colônia fantasma. A falta de peixe, o mau tempo, as correntezas fortes e as embarcações inapropriadas são problemas freqüentes enfrentados pelos pescadores da colônia: “Quando chegamos numa posição com condição para pegar o peixe, vêm embarcações melhores de outros lugares e levam. O pescador coitado fica com o dedo na boca esperando que aconteça o bom tempo para voltar ao mar. A situação é essa”, desabafa o presidente da colônia Z1, Eulirio Menezes, 80 anos.


Depende de como é feita a divisão. Isso diferencia numa associação, extensão de colônia ou conta própria. Para os não modernizados, o trabalho na busca pelo peixe tem dado é muito prejuízo. Um barco geralmente sai com dois, três pescadores e os gastos com gelo, mantimento, óleo, isca, náilon são relevantes. Além das despesas e a fiscalização de peixeiros, existe o chamado quinto, que é a porcentagem dada ao dono do barco. “Os pescadores saem hoje. Gastam seis sacos de gelo, R$40 de mantimento, mais R$40 com óleo. Volta daqui a três dias com 20kg de peixe. Vende por R$10 para o peixeiro que vende por R$18. São R$200. R$100 de despesa. Tira o quinto fica R$160,00. R$40, R$60,00 pra cada homem. Não paga nem a noite perdida, dormindo sentado, sujeito a chuva”, diz Eulirio. Para quem tem peixaria junto à colônia, no caso da colônia de Itapuã, a situação é benéfica.

Sábado de manhã, muitos pescadores voltam do mar. Ao som de cortes de faca, música baiana e gritos de compradores, as notícias velhas e propagandas políticas são usadas para enrolar o peixe. Depois da jornada em alto mar, o peixe conseguido é pesado, vendido, despesas paga e chega a hora de ratear o lucro. Diferente da extensão da colônia de Itapuã ou da colônia Z1 que precisa vender os poucos peixes conseguidos, sabendo que os peixeiros lucraram mais. Porém conscientes de que estes também têm suas despesas: “Mas é isso mesmo. Porque eles têm prejuízo, tem que comprar gelo, material de limpeza”, diz um dos diretores do núcleo das Mariquitas, José Silva.

A divisão nos peixes em Piatã é bem diferente. Gritos e vozes ecoam na busca pelo peixe. O remador, calandeiro e puxador, a depender da posição hierárquica obtém uma porcentagem diferente do lucro. A colônia de peso apesar de ter a peixaria junto à colônia, aluga o espaço para que a colônia sobreviva: “Vem caindo, levantando…caindo, levantando, mas vem se erguendo”, diz Eulirio.

Caiu na rede, é peixe?

Nem sempre. A poluição das águas tem causado o afastamento e morte de muitos peixes, prejudicando a renda do pescador. A sujeira encontrou seu lugar na rede e indignação é geral “O pessoal que mergulha, puxa a linha, vê a isca toda amarela, rede escorregadia, uma altura enorme só de pó. Peixe nenhum come uma isca desta”, desabafa Nilson. As reclamações são baseadas na fábrica perto da colônia, lixo jogado pelos moradores e pelas plataformas: “Mês passado eu estava passando por aqui e vi duas toneladas de peixes boiando por causa do gás liberado na retirada do petróleo. Mas ninguém diz nada, abafam. Isso não sai no jornal, mas a verdade é essa”, diz Eulirio.

Sem apoio ou solução... mais difícil do que achar agulha no palheiro, só resta ao pescador se aventurar. Para quem tem barcos motorizados o jeito é adentrar na imensidão do mar. Para os que não têm ou mudam de profissão lutam por uma solução. O barco nomeado “Vou e volto com Deus” encostado na areia da praia do Rio Vermelho vai ficar com Deus por mais tempo, até que o milagre da multiplicação de peixes aconteça. Ou até que a conscientização em relação à poluição, ajuda do governo e a modernização alcance de uma vez por todas as colônias sem exclusão. Milagres acontecem, mas é preciso que o homem faça sua parte.

O pescador e seus amores

Deixar a família, filhos e esposas na terra para navegar livres de paredes, presos apenas pelo mar que os cercam, parece ser uma vida solitária. Mas a volta sempre compensa, ainda mais sabendo que existe mais de uma mulher esperando. O pescador não se conforma com um amor, se entrega a várias paixões e acaba colocando a culpa no peixe, que não tem voz para se defender: “uma mulher queria porque queria peixe. Eu disse que não podia dar, que depois dava outra coisa (risos). Com uma mulher eu tenho 12 filhos, em Pernambuco, dois, ao total são 28. Mas no meu tempo é menos, meu pai tinha três mulheres”, conta um pescador. Seu amigo aproveita a situação para fazer uma piada “É por isso que morreu cedo, não agüentou. A mulher pediu peixe, voltou com 12 filhos. Nunca pessa peixe a pescador”, me aconselha.

Festa de Iemanjá

Em 1923, 25 pescadores foram presentear a mãe d´ água devido a escassez dos peixes em busca de melhoras na pesca. A partir de então, todo ano, no dia 2 de fevereiro adeptos do candomblé, turistas e pescadores passaram a reverenciar Iemanjá com flores, jóias, batons e perfumes. A festa acontece no Rio Vermelho tanto na terra quanto no mar, com músicas baianas e fogos de artifício animando e engarrafando as vias estreitas.

___

A Rainha do Mar... Axé!

"Oh! Iemanjá, sereia do mar. Canto doce, acalanto dos aflitos.
Mãe do mundo tenha piedade de nós.
Benditas são as benções que vem do teu Reino.
Meu coração e minha Alma se abrem para receber as bênçãos de Iemanjá.
Mãe que protege, que sustenta, que leva embora toda dor.
Mãe dos Orixás, Mãe que cuida e zela pelos seus filhos e os filhos
de seus filhos.
Iemanjá, tua Luz norteia meus pensamentos e tuas águas
lavam minha cabeça.
O DÔ SEI ABÁ!"

sexta-feira, 22 de agosto de 2008


Encontro Regional de Batuqueiros.
Dias 02 a 04 de maio de 2008 em Camboriú.
Realizado pelo grupo Jaé.
Grupo Capivara, Jaé, Maracaeté, Estrela do Sul e Arrasta Ilha
Fotos de Cláudia Eggert


Diante da beleza de sua dança e da força dos seus versos, muitos folcloristas traçaram definições a respeito do coco. A maioria concorda que ele foi primeiramente um canto de trabalho dos tiradores de coco, e que somente depois transformou-se em ritmo dançado. Uns afirmam que ele nasceu nos engenhos, indo mais tarde para o litoral, e espalhando-se posteriormente nos ambientes mais chiques. Outros, no entanto, dizem que ele é essencialmente praieiro, devido à predominância da vegetação de coqueiros encontrados nesta região. Em relação ao Estado nordestino no qual teria nascido o coco a discordância ainda é maior. Alagoas, Paraíba e Pernambuco alternam-se nos textos existentes como prováveis "donos" deste folguedo. Mas afinal, qual seria realmente o seu local de origem ? Eis aí uma lacuna a ser preenchida por aqueles mais curiosos, interessados e com espírito descobridor. No meio de tantas dúvidas, uma coisa é certa: o coco tem origem é no povão! Sobre a sua forma de expressão, os pesquisadores 'definem' muitos 'tipos' de coco. Não seria muito confiável uma classificação diante da diversidade descrita por eles. O que observamos é que as variações do folguedo ocorrem pelas mudanças de nomenclatura de uma região para outra, por algum aspecto na dança e, principalmente, pela diferença na métrica dos versos que são cantados. Contudo, de maneira geral, o coco apresenta uma forma básica: os participantes formam filas ou rodas onde executam o sapateado característico, respondem o coro, e batem palmas marcando o ritmo. Muito comum também é a presença do mestre "cantadô". A festa sempre inicia quando ele "puxa" os cantos, que podem ser de improviso ou já conhecidos pelos demais.

O coco pode ser dançado calçado ou descalço. Ele não possui vestimenta própria. Para participar, as pessoas utilizam qualquer tipo de roupa.

Este folguedo, aparentemente, não possui datas fixas para sua realização, ocorrendo em qualquer época do ano, embora seja mais facilmente encontrado no período junino. Em seu aspecto musical, os instrumentos de percussão são predominantes. Ganzás, bombos, zabumbas, caracaxás, pandeiros e cuícas são os mais encontrados nas descrições dos folcloristas. No entanto, para se formar uma roda de coco, não é necessária a presença de todos estes instrumentos. A brincadeira muitas vezes acontece apenas com as palmas ritmadas dos seus integrantes. Dentre suas características mais gerais podemos destacar o seu espírito comunitário. Em um clima de muita alegria, homens, mulheres, crianças, de qualquer classe social, cantam, dançam e misturam-se sem nenhuma distinção. No que se refere às suas influências étnicas, a presença africana é clara, principalmente no ritmo, e em certos movimentos da dança. Encontra-se também uma forte contribuição indígena observada nos movimentos coreográficos, pois tanto a roda como a fileira são heranças dos nossos nativos.

___

Não é Coco, mais lembrei de uma música...

"Tambô de Criola"

"To chamando Corero, to chamando Corero, Santa Helena do meu lado, São João meu padroeiro".

quinta-feira, 21 de agosto de 2008


Encontro Regional de Batuqueiros:
Dias 02 a 04 de maio de 2008 - Camboriú. Realizado pelo Grupo Jaé.
Grupo Capivara, Jaé, Maracaeté, Estrela do Sul e Arrasta Ilha
Fotos de Cláudia Eggert

Um pouco da história do "Tambô":

Dizer que o tambor é uma dança genuinamente maranhense é um equívoco, uma vez que a utilização dos tambores africanos já derruba tal afirmação, bem como os próprios criadores que trouxeram toda a mística da África. Um outro fator que nos leva a ir de encontro a essa afirmação é que o Tambor de Crioula tem inúmeras variações no restante do país. Mas o nome e o formato, isto sim, é peculiar; é maranhense.
Não há uma história certa, dentre as inúmeras que existem, do surgimento doTambor de Crioula. Para alguns integrantes de grupos, era uma festa realizada para comemoração da libertação (alforria) de um escravo, além de servir como protesto descontraído diante da condição de opressão na qual viviam os negros. Há quem diga que o Tambor surgiu logo nas fugas dos escravos, que ao se refugiarem nos quilombos, criaram a dança para animar as noites de liberdade restrita. Eram os chamados macumbeiros.
Uma outra afirmação é de que o Tambor de Crioula era também uma forma de treinar golpes diante de um confronto. Estes indícios são mais fortes, tendo em vista que no interior do Maranhão, ainda hoje, observa-se que os homens dançam, embora a maneira seja infinitamente diferente, já que “os coreiros usam bastões nas mãos ou amarrados junto ao
corpo para se defenderem de quem os deseja derrubar” (Ferretti, op. cit, p. 50).
Felipe Martins, do Tambor União de São Benedito, do Bairro da Vila Conceição, em São Luís, chega a afirmar que o Tambor era uma brincadeira nos céus:
O Tambor era uma verdadeira festa entre o secretário de Jesus – São Benedito, com as crianças. Ele saía para brincar com os meninos e de repente quando Jesus chegava encontrava ele todo pretinho, todo tisnado.
Ele ficava com vergonha e saía de fininho junto com os meninos (São Luís,
2003).
Outros coreiros afirmam até que o santo também batia tambor, o que é facilmente corrigido ao analisar-se a enorme diferença entre a época de vida terrena de São Benedito e o surgimento, em terras maranhenses, da dança. O que se pode afirmar é que o Tambor de Crioula é a mais difundida das tradições afro-brasileiras surgidas no tempo da escravidão.
Apesar de, no cenário nacional, exibir-se intensamente o samba e o afoxé, ambos não trazem toda a simbologia que carrega o Tambor de Crioula. O histórico do surgimento e o contexto e desenvolvimento dessas manifestações diferem do momento da gênese do Tambor de Crioula.
De todo o conjunto de histórias, o certo é que desde os primórdios o santo protetor é São Benedito, que para os negros seguidores das religiões africanas é o santo venerado pela
entidade Averequéte. A reverência a São Benedito se fortalece a partir do surgimento das irmandades religiosas, oportunidade em que os negros tinham de professar uma fé e estarem próximos, através de um vistoso sincretismo, das suas divindades.
Uma das principais irmandades era a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Centro de São Luis, onde até hoje acontece o festejo dedicado ao Santo.
Um outro fator que fortaleceu a prática do Tambor foi a “vida social” desenvolvida pelos negros em tempos de escravidão. Embora restrita esta era muito praticada, especialmente durante a noite, já no dia somente lhes restava servir aos senhores e enfrentar a opressão a que eram forçados. Mas nas senzalas aconteciam confraternizações e o ritmo era a
batucada africana, o batuque (denominação mais comum no Brasil), a capoeira e tudo de origem afro-brasileira. Os feriados católicos também propiciavam certa folga aos escravos, o que era aproveitado com o comércio informal e com a prática da religiosidade disfarçada.
Portanto, a dança consolidou-se em São Luís e passou a ser também atrativo de mercado. Embora até meados do século vinte os sons dos tambores fossem limitados ou mesmo reservados a espaço restrito na cidade, hoje é comum, em pleno Centro Histórico, apreciar um grupo de Tambor de Crioula soltando toadas e incitando curiosidades. A polícia que outrora inibia a dança, hoje protege os coreiros na hora do espetáculo, que sob contratos, não passa de quarenta minutos em média.

Tratamos agora de descrever alguns aspectos do tambor de Crioula, a fim de ajudar melhor no entendimento da dança. Vejamos:

Os instrumentos originais do Tambor de Crioula não eram como a maioria dos utilizados nos dias de hoje. Apesar de o uso do couro ainda estar preservado, os tambores antigamente eram feitos de madeira de lei, partida em três partes, sendo cada uma do tamanho do tambor a que originaria. O som era mais grave que os instrumentos de PVC muito
utilizados hoje. Para Souza:
A mudança da matéria-prima utilizada para a fabricação dos tambores interfere na quintessência da manifestação, já que o trabalho original é totalmente artesanal e cada peça é única, enquanto os tambores de plástico
são reproduzidos em série, sem o cuidado com o processo de fabricação
(2005, p. 59).
O ritmo é impulsionado pelos seguintes instrumentos:
Tambor Grande ou Rocador, que é o maior dos instrumentos e considerado o mais peculiar. O coreiro que o toca é louvado pela habilidade; é Mestre. É ele que marca o momento da pungada; Tambor Médio, Meião ou Socador, instrumento intermediário que fica entre o Tambor Grande e o Tambor Pequeno, responsável por iniciar a dança; Tambor Pequeno ou Crivador, o menor dos tambores e que dá o pique da dança; e Matracas, que são tocadas atrás da parelha, no corpo do Tambor Grande, diferente do Bumba-Boi, quando são tocadas umas contra as outras, na mão do brincante. Embora a maioria dos grupos as utilize, muitos mestres coreiros não gostam das matracas na dança.

Os personagens do Tambor de Crioula são todos chamados de coreiros, embora esta denominação seja mais utilizada à mulher dançarina do tambor. Além do termo são usados para o chefe da cantoria mestre, dançarinas para as mulheres e tocador ou tambozeiro para os ritmistas.

Referência principalmente de São Luís, os homens geralmente usam camisetas de algodão com nomes de empresas patrocinadoras ou mesmo camisas de botão no estilo xadrez ou estampada. As mulheres usam blusas de algodão rendadas e saias de tecidos estampados.
A presença de cores e o tamanho são marcas. Há alguns grupos que usam seda para confeccionar as vestes e até aqueles, os mais novos, que utilizam diferentes estilos de desenhos para as mesmas.

Embora a dança não seja um ritual eminentemente religioso, é uma forma de pagamento de promessa. No ritual do Tambor, que quase não é realizado pelos grupos devido ao pouco tempo para as apresentações, a coreira entra com a imagem do santo antes da roda formada para que sejam prestadas as devidas reverências ao padroeiro protetor. Dona Teresinha Jansen afirma que “este ritual começou na Fé em Deus e depois de um tempo, ascoreiras dos outros grupos imediatamente passaram a fazer o mesmo. Hoje todo mundo faz”
Bacana...

"Somos donos de nossos ATOS,
Somos CULPADOS pelo que fazemos,
Mas não somos culpados pelo que SENTIMOS;
Podemos prometer ATOS,
Não podemos prometer SENTIMENTOS...
ATOS são pássaros engaiolados,
SENTIMENTOS são pássaros em vôo“

quarta-feira, 20 de agosto de 2008




Silêncio. Há uma zabumba pensando. Pensando? O que porventura pensam as zabumbas entre uma batida e outra, entre um tempo e um contratempo? Tum...tum. Entre a afirmação de uma ordem hegemônica (de tempos) e sua imediata desautorização pelo ataque no finalzinho do período regulamentar, fazendo um contratempo desabusado, audacioso, que quase rouba para si o status de tempo forte, quando é mera dissonância rítmica. Será?

Não sei se o leitor entende de dissonâncias, acordes dissonantes etc. Aqui faço referência a dissonâncias rítmicas, como se fosse possível transpor o conceito do campo das alturas para o campo das durações. A mais curiosa das dissonâncias rítmicas seria a hemíola, uma ordem rítmica que surge como contravenção e ameaça se tornar dominante...

A célula rítmica característica do forró afirma um tempo forte e logo o desautoriza, para em seguida reafirmá-lo... fica brincando de esconde-esconde com o tempo forte, daí o colorido todo da coisa, e o cenário adequado para um vozeirão manhoso que nem o de Luiz Gonzaga.

Os meus pés não precisam refletir sobre o assunto. São imediatamente convocados para um xaxado imaginário - xote, baião, congado, corta-jaca, maracatu, frevo, samba e que mais? Há quem diga que os pés pensam antes da cabeça. São os motores da identidade. Pe-dagogia.

O verdadeiro desafio educacional é descobrir em que direção caminhar - e os pés parecem saber isso antes. Será que foram as zabumbas que inventaram o nordeste? Como se fossem zabumbas-galo tecendo manhãs em cada noite de forró? Como se, no amálgama de tempo e contratempo estivéssemos representando essa tensão permanente entre a obsessão do enraizamento e a condição inequívoca de desterro que nos constitui como brasil brasileiro? Tensão essa, cada vez mais característica de uma época pós, da qual talvez sejamos laboratório ímpar?

O enraizamento e o desenraizamento formam um contínuo. A desterritorialização pode ser um grande feito de identidade. Construir uma literatura/música sem marcas de lugar algum. Libertar-se da indexação imaginária pela via do local. Clarice Lispector?

O nordeste não existe porque o brasil não existe (nunca existiu, já não existe)? Ou talvez porque tenha inventado o brasil, através da zabumba?

Calma aí. O que está sendo dito é que a construção da idéia de Brasil é também uma construção nordestina. E olhe que nunca me senti nordestino. Até os 15 anos a minha geografia apresentava a Bahia como região leste - junto com Minas, Rio, Espírito Santo e Sergipe.

Ou porque é mais um efeito conjuntural do último século (surgiu junto com a Sudene! em 1969/70), ou seja, depois que a relativa equanimidade entre províncias de um mesmo império tropical cedeu lugar à concentração de poder no centro-sul?

Estou lembrando que o conceito de Nordeste era absolutamente desnecessário na época do Império. Existiam a Corte e as províncias.

Não sei se existe nordeste, mas a zabumba existe. E com ela, esse apelo irresistível ao xaxado. Mas que xaxado seria esse? O que deveríamos dançar?

Como tecer novas manhãs com galos e zabumbas cantando aqui e alhures - no mundo todo haverá nordestes e mais nordestes? Como trabalhar por manhãs intersubjetivas e interinstitucionais? (Rede)

Como permitir que tantas vozes e tantos pés invisíveis encontrem suporte nessas levadas de zabumba? (Identidade)

Como articular a cumplicidade necessária para que um lugar-de-fala seja ao mesmo tempo lugar de libertação e de futuro, lugar-múltiplo zabumba-sanfona e pífano (Nordeste)?

"Há de haver pelo menos por ali, os pássaros que nós idealizamos"*, dizia o poeta nordestino (Jorge de Lima, Invenção de Orfeu XXVI).

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Hoje pela tarde eu tive a infelicidade de receber o seguinte e-mail:

Uma mulher negra havia ido passear com seu recém-nascido. Quando entrou no onibus logo abriu a janela, pois estava fazendo 40 graus. Neste momento entra um bêbado e senta ao seu lado.

O bêbado repara na mulher que pega uma revista para abanar a criança. Já naum aguentando mais assistir aquela cena, o bebado olha pra mulher e diz:

-Tá ruim, hein?

Olha pra outro passageiro e diz:

-Tá ruim, hein?

Retorna o olhar na direçao da negra dizendo novamente:

-Tá ruim, hein?

A mulher perde a paciencia e pergunta:

-Ta ruim o que moço?

E ele:

-Tá ruim desse carvão pegar fogo!

___

Eu não tenho nem o que falar sobre... ^^
O que me deixou feliz foi que na mesma hora eu respondi este e-mail com cópia para todos que tb haviam o recebido e com grande espanto recebi vários outros e-mails das pessoas se expressando contra esse e-mail e falando da ignorancia do mesmo!!!
Apenas uma pessoa se manifestou dizendo que achou engraçado... Coitado né?

___

Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral
Racismo é burrice
Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral
Racismo é burrice
Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral
Racismo é burrice
O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice
Racismo é burrice
E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008




Salvador, 30 de abril de 1914 — Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2008.

"O Dorival é um gênio. Se eu pensar em música brasileira, eu vou sempre pensar em Dorival Caymmi. Ele é uma pessoa incrivelmente sensível, uma criação incrível. Isso sem falar no pintor, porque o Dorival também é um grande pintor. Tom Jobim".


Amanhece,preciso ir
Meu caminho é sem volta e sem ninguém
Eu vou prá onde a estrada levar
Cantador só sei cantar
Ah! eu canto a dor
Canto a vida e a morte,canto o amor
Cantador não escolhe o seu cantar
Canta o mundo que vê
E pro mundo que vi meu canto é dor
Mas é forte prá espantar a morte
Prá todos ouvirem minha voz
Mesmo longe
De que servem meu canto e eu
Se em meu peito há um amor que não morreu
Ah! se eu soubesse ao menos chorar
Cantador só sei cantar
Ah! Eu canto a dor
De uma vida perdida sem amor.



Axé!!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

AFRO-DESCENDENTE, COM ORGULHO!


Escrevemos este texto sob o impacto, profundamente negativo, do artigo “Visita à ‘terra dos negros” publicado nesta página. E o fazemos para demonstrar, em poucas linhas, que, se o indivíduo afro-brasileiro e o brasileiro em geral conhecesse um pouquinho de História da África e da afro-descendência, no Brasil e no mundo, ninguém se surpreenderia ou horrorizaria ao visitar a África de hoje, notadamente aquela parte do continente mais atingida pelo genocídio iniciado com a chegada dos europeus no século 15.

Quem se dispuser a conhecer um pouco dessa tragédia saberá que a mesma Humanidade que, hoje, justificadamente se extasia diante de um Michelangelo também há de se tocar com a beleza naturalista dos bronzes de Ifé e Benin, obras de autores africanos cujos nomes, infelizmente a História não registrou – talvez como recurso para atribuir a extrema beleza dessas obras a artistas europeus, como já se tentou fazer sem sucesso. Como compreenderá também, por mero exemplo, a grandeza artística dos negro spirituals, canções que, segundo a melhor musicologia, produzem seu indescritível efeito pelo emprego de uma escala ( pentatônica) completamente diversa das convencionais seqüências de tons maiores e menores da música ocidental, e desconhecida na Europa até pelo menos o século 19.

Da mesma forma, quem, em busca de conhecimento, for além do que hoje, no Brasil, oferecem as universidades e as listas de best-sellers, vai saber que, bem antes de Alexandre, no século 15 AC, o negro Tutmés III, príncipe núbio (filho bastardo que Tutmés II levou para a corte faraônica), quando no poder, estendeu seus domínios até a Ásia, inaugurando a era do imperialismo egípcio. Com ele, o Estado egípcio atingiu o maior momento de sua expansão territorial, subjugando povos e reinos até a Mesopotâmia, chegando, mesmo, à Europa mediterrânea. Assim, até as vésperas de sua morte, todos os reinos das margens do Eufrates à quarta catarata do Nilo, eram seus tributários. Cerca de 700 anos após esse Tutmés, uma dinastia de reis núbios, negros portanto, tomou o Egito, governando-o por cerca de 90 anos. Esse período inicia-se com o faraó Piye-Piankhi, o qual, liderando uma revolução nas artes de na cultura e, após unir as civilizações do Vale do Nilo, restaurou templos e monumentos, transferindo a capital de Tebas para Napata, no atual Sudão. Noutra dimensão histórica e geográfica, vamos ver que, antes de Cristóvão Colombo, Abubakar II, imperador do Mali, adentrou o Atlântico com cerca de duzentas embarcações de pesca e chegou ao México atual, por volta de 1312.

Na mesma medida, é preciso mostrar que a Ciência que pauta seu saber pelos ensinamentos de Platão, discípulo do egípcio Chonoupis; de Sócrates, que estudou na cidade egípcia de Busíris; e de Aristóteles ( “os que são excessivamente negros são covardes e isso se aplica aos egípcios e etíopes”, disse ele) ou mesmo pelos ensinamentos do Eclesiastes bíblico, igualmente inspirado na filosofia kemética (do antigo Egito); essa Ciência talvez também pudesse guiar-se, acaso a conhecesse, pela visão de mundo contida no conjunto de muitos milhares de parábolas enfeixadas no corpo de ensinamentos do oráculo iorubano de Ifá. E mais: os que ainda acreditam que Hipócrates foi o “pai da medicina” certamente nunca ouviram falar no egípcio Imhotep. Como os admiradores de Napoleão seguramente nunca souberam do zulu Chaka, o comandante africano mais temido pelo imperialismo europeu no século 19, por força das inovações, estratégias e armamentos que criou, até sua morte em 1828. Da mesma forma que até mesmo os cristãos mais esclarecidos certamente não sabem que o orixá Ogum é venerado, na África e nas Américas, por ser a divindade da tecnologia (que ensinou os homens a domarem o ferro), dos negócios militares, do trabalho e, conseqüentemente, da prosperidade e da saúde.

Finalizando este texto, sob a inspiração de W.E.B. Dubois, André Rebouças, Abdias do Nascimento, Milton Santos, e outros não menos, perguntamos: o que seria da música popular que se consome hoje em escala planetária se não fosse a arte musical criada pelos afro-descendentes nos Estados Unidos, no Caribe e no Brasil?

É por tudo isso que não nos consideramos “brasileiro negro” nem “negro brasileiro”. Somos, sim, com muito orgulho da ancestralidade que cultuamos, um afro-descendente, integrante de uma maioria etnocultural num país em que, por razões que muita gente esclarecida ignora ou finge ignorar, uma parcela minoritária da população detém o poder político e econômico e manipula o conhecimento, desde sempre. E a essa minoria é mais conveniente ensinar aos jovens, nas escolas, que a proposta de se estudar a África, “terra dos negros”, é uma “declaração de ignorância”.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008


Arte de Nestor:
http://www.flickr.com/photos/nestorjr

(A pedidos) Segue ai novamente a Programação do festival de Itajai...
Programação - Festival de Itajai.

- Maria Rita
Dia 6 de setembro (sábado)
Local: Centro Eventos, no Parque da Marejada
- Cláudio Dauelsberg - PianOrquestra
Dia 7 de setembro (domingo)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Altamiro Carrilho
Dia 8 de setembro (segunda-feira)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Barbatuques
Dia 9 de setembro (terça)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Jair Rodrigues
Dia 10 de setembro (quarta)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Roberto Menescal
Dia 11 de setembro (quinta)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Zélia Duncan
Dia 12 de setembro (sexta)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Roupa Nova
Dia 13 de setembro (sábado)
Local: show de rua, em bairro a definir

Mais informações: (47) 3348-3610 ou pela internet em festivaldemusicadeitajai@gmail.com

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

__


Lindo!