quinta-feira, 26 de junho de 2008

A CIDADE DOS OTARIOS por Maicon Tenfen.

Prezado leitor, querida leitora: olhem bem para a foto ali em cima e digam se tenho cara de otário... Tá bom, tá bom, também não precisavam ser tão sinceros assim, né?! Façamos diferente, então. Dêem uma boa olhada no espelho e respondam com sinceridade: por acaso VOCÊS têm caras de otários e otárias?

Não quero ofender, sabe? Só pergunto isso porque, se eu e vocês não parecêssemos otários, palhaços, imbecis, atoleimados e mentecaptos, duvido que a Câmara de Vereadores de Blumenau teria votado, numa reunião noturna, extraordinária e SEM TRANSMISSÃO pela TV Legislativa, o aumento de 59,8% nos salários de seus membros - sem falar na incorporação do 13º à folha de pagamento, matéria de polêmica há algumas semanas.

Chama atenção o modus operandi dos legisladores, na surdina e na surpresa, quietinhos, delicados, à Arsène Lupin, conhecedores que são da cochilosa burocracia pública. Também chama atenção o senso de medida dos sete vereadores que votaram a favor da proposta. Que tipo de malabarismo matemático fizeram para chegar ao percentual de 60%? Só existe uma explicação para o fato: Blumenau está se tornando a cidade da piada pronta!

- O vereador tem função de destaque - disse o Sr. Braz Roncáglio, do PTB, que votou pelo aumento. - Os vereadores precisam responder a tudo: educação, saúde, obras etc.

Dentro do "etc." devem estar também as decisões sobre o próprio salário. Eu entendo, vereador, é dureza... Dou graças a Deus que nenhum outro tipo de profissional precise arcar com essa penosa responsabilidade. Já pensou se todo mundo pudesse decidir quanto vai ganhar no fim do mês? Com a carga tributária que aí está, não sobraria pedra sobre pedra.

Diante da vergonha que paira sobre o legislativo municipal, só tenho uma coisa a dizer aos leitores: pouco adianta demonstrar indignação em botequins ou em correntes de e-mails. Escrevam para seus vereadores e principalmente para o prefeito João Paulo Kleinübing, que pode sancionar ou vetar a proposta.

Faremos isso às claras, como os bons otários que somos, sem surpresas ou surdinas, sem palavrões ou desacato. Embora o Santa já tenha divulgado na própria capa os nomes e os partidos dos vereadores que votaram a favor desse aumento absurdo, nunca é demais repetir: Braz Roncaglio (PTB), Jovino Cardoso Neto (DEM), Leoberto Cristelli (PDT), Marcelo Schrubbe (DEM), Rufinus Seibt (PMDB), Nagel Marinho (DEM) e João José Marçal (PP).



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Sem condição, pow fazer uma sessão a noite, não passar na TV...

Depois que roupa um pão que é ladrão!

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Capivaras no Jornal de Santa Catarina...
Sustenta esse Maracatu!!!

Maracatu germânico
Grupo blumenauense Capivara Cultura Rítmica apresenta a música de percussão nordestina, sábado, no Parque Ramiro
WANIA BITTENCOURT


Quando se fala de expressões culturais do Nordeste, sempre há quem lembre do maracatu surgido em Pernambuco. O que poucos sabem é que esse ritmo, baseado em instrumentos de percussão e espalhado por várias partes do Brasil, já chegou à germânica Blumenau e tem nome: Capivara Cultura Rítmica. Fundado pelo diretor musical Alexandro Gonçalves dos Santos, mais conhecido como Leco, o grupo se apresenta sábado, no Parque Ramiro Ruediger.

Uma das curiosidades é que, apesar de estudar culturas de vários estados, o grupo é formado por pessoas da região. Leco é blumenauense e chegou a morar no Nordeste para estudar ritmos tipicamente brasileiros. De volta há um ano, encontrou pessoas interessadas em pesquisar novas culturas, mas sem perder a conotação local. Tanto que o próprio nome do grupo foi inspirado no animal que vive nos arredores do Rio Itajaí-Açu.

No site do grupo há registros das primeiras aparições na cidade e de ensaios ao ar livre e na Fundação Cultural. O atual objeto de estudo do grupo é o maracatu-nação, mas também trabalham com o afoxé, o coco e o manguebeat.

Para a integrante Clara Mendes, muitas pessoas se interessaram em participar do Capivara Cultura Rítmica pela curiosidade despertada pela percussão. Mas o que as leva a ficar no grupo, segundo ela, são outros motivos:

- É um ritmo apaixonante, as pessoas se identificam com manifestação cultural.

A apresentação sábado terá meia hora de duração. Reunirá 18 pessoas numa roda de tambores, alfaias, xequerês e outros instrumentos de percussão que emitirão as toadas, canções que no Nordeste adquirem conotação religiosa. Esta é a segunda apresentação do grupo com verbas do Fundo Municipal de Apoio à Cultura. Uma terceira está marcada para o dia 26 de julho, na Praça Doutor Blumenau. Até o final do ano, eles farão um espetáculo na Fundação Cultural, com data a definir.



P.s.: Maracatu Germanico foi o Fim!!! hahahahahah...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Maicon Tenfen:


- Muitos anos depois, diante de uma folha de papel em branco, eu haveria de recordar aquela tarde remota em que meu pai me levou para conhecer o teatro popular.

É assim, com um pastiche de Garcia Márquez, que inicio minha homenagem ao Teatro do Biriba, uma companhia itinerante que nasceu no meio-oeste catarinense, em 1970, e que continua firme nas suas apresentações pelas pequenas, médias e grandes cidades do sul do Brasil.

Quando criança, tive o privilégio de assistir à performance do comediante Geraldo Passos, o fundador, numa breve temporada que a companhia fez em Ituporanga, minha terra natal. Foi meu primeiro contato com o teatro, um contato saudável, alegre e interativo.

Mais que engraçadas, as peças protagonizadas pelo palhaço Biriba (hoje interpretado por Adriano Passos, neto de Geraldo) são escancaradamente alopradas e escrachadas. É o teatro popular em seu estado mais verdadeiro, na forma, nos meios e no conteúdo.

Algumas peças permanecem vivas nas minhas recordações. É o caso de Biriba e a corrida da égua-relâmpago, Biriba contra o lobisomem, Biriba de minissaia e Biriba, o rei do gatilho. Com os devidos improvisos e adaptações, todas continuam sendo encenadas pela atual equipe de atores.

É claro que a trupe passou por dificuldades. Devido às inúmeras crises econômicas enfrentadas pelo país, esteve à beira de fechar as portas em diversos momentos, especialmente em meados dos anos 1980. Outro golpe, provavelmente mais traumático, foi a morte do primeiro dos Biribas, Geraldo Passos, em 1991.

O show, porém, deve continuar. Atualmente, ao que parece, a companhia passa por um dos seus melhores momentos. Nos últimos meses tem montado sua tenda nas cidades do Vale do Itajaí, em temporadas bem-sucedidas de público e animação. Hoje à noite, em espetáculo único na cidade, os atores sobem ao palco do Carlos Gomes para apresentar a comédia Biribinha no Espeto.

É uma espécie de milagre que, num mundo padronizado pela voracidade da Indústria Cultural, exista um grupo de teatro que persistiu por tantos anos e com tanto sucesso. Devo muito a esse pessoal. Se hoje freqüento o Festival Universitário de Teatro, por exemplo, é porque num belo dia tive a sorte de entrar no antigo pavilhão de zinco do Teatro do Biriba. Vida longa à arte de Dionísio!


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Biriba no Teatro!?

Bora lá então!?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Confesso que fiquei impressionado - quem não ficou? - com a série de fotografias divulgadas pela Funai na semana passada. Feitas de um avião que sobrevoava as matas do Acre, mostram uma tribo indígena que ainda não teve contato com a civilização. Numa das imagens mais marcantes, dois guerreiros pintados de vermelho retesam seus arcos para atirar flechas no Grande Pássaro Que Não Bate Asas, provável mensageiro da cobiça e da maldade dos homens brancos. Os índios devem ter levado um susto daqueles. Ou estão de sobreaviso, prontos para a guerra, ou já fugiram com suas mulheres e crianças para outro ponto da floresta.

- Não sei quem eles são, não quero saber e tenho raiva de quem sabe - declarou José Carlos Meirelles, sertanista da Funai que participou do sobrevôo e da produção das fotos.

Então pra que divulgar a existência da tribo? Segundo ele, que suspeita da presença de outros 68 grupos indígenas isolados na Amazônia, o objetivo é mostrar à sociedade - leia-se ao Estado conivente com a ação de madeireiras, mineradoras e laboratórios farmacêuticos - que esses povos não devem ser importunados em seus territórios de origem.

Por causa de contatos desastrosos feitos com tribos "virgens" ao longo de todo o século 20 - isso sem falar no genocídio da Grande Nação Tupi, que vivia no litoral brasileiro - a atual geração de antropólogos e sertanistas tem a não-interferência como norma. Com efeito, Peri, Iracema e Jaguarê precisam ficar em paz para levar avante o ideal do Bom Selvagem de Rousseau. Melhor que visitar os índios e matá-los com nossas doenças é criar cordões de isolamento em torno das áreas que habitam.

Que assim seja!

Toda essa história, confesso de novo, fez com que eu mergulhasse numa terrível crise existencial. E se, a exemplo da Funai, alienígenas politicamente corretos estivessem mantendo o nosso planeta a salvo de civilizações intergalácticas mais avançadas e predatórias?

- Vamos deixar os terráqueos em paz com o barbarismo dos seus costumes e o primitivismo da sua tecnologia!

Nada mal se realmente fôssemos como os índios do Acre. Ao contrário deles, que sempre tiveram uma relação saudável com a natureza, estamos dando um jeito de envenenar nossas terras, nossa água e nossa atmosfera.
É de ficar nervoso. Se os alienígenas prevêem a possibilidade de intervenção em casos extremos, isso significa que podem desembarcar a qualquer momento...


Imagens dos índios:
http://www.youtube.com/watch?v=QhhfSUUFmYc


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Hoje com muita alegria... Segue programação do Festival de Itajai:

Programação
- Maria Rita
Dia 6 de setembro (sábado)
Local: Centro Eventos, no Parque da Marejada
- Cláudio Dauelsberg - PianOrquestra
Dia 7 de setembro (domingo)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Altamiro Carrilho
Dia 8 de setembro (segunda-feira)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Barbatuques
Dia 9 de setembro (terça)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Jair Rodrigues
Dia 10 de setembro (quarta)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Roberto Menescal
Dia 11 de setembro (quinta)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Zélia Duncan
Dia 12 de setembro (sexta)
Local: Teatro Municipal de Itajaí
- Roupa Nova
Dia 13 de setembro (sábado)
Local: show de rua, em bairro a definir
Mais informações: (47) 3348-3610 ou pela internet em festivaldemusicadeitajai@gmail.com

terça-feira, 3 de junho de 2008

Nossos heróis jazem dormindo
Nas bibliotecas.
É preciso explodir o silêncio das bibliotecas.
Altissonantes batucadas
Tirem nossos heróis
Desse sono nefasto.
Afastem-se mesas e cadeiras
Desses cemitérios de livros
Para que virem terreiros
Onde nossos heróis
Exibam sua face afra.
Profanem-se os sacrários
Retumbem fichários
Semeiem-se colcheias
A mão cheia
Nas seções de periódicos.
Insiram-se quiálteras
Nas referências bibliográficas
Para que os heróis saltem álacres
E mostrem caras
Máscaras
Couros, carapinhas
Em sua integridade
Afra.
Nossos heróis são deuses que dançam.
Não viram Mandela?!



Um bom dia a todos.