quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Quando foi imaginada, uma das prioridades da Lei do Patrimônio Vivo, em vigor em Pernambuco desde 2002, era garantir uma renda para que garantir a sobrevivência dos mestres populares e, consequentemente, a sua produção.

No caso de Camarão, mestre sanfoneiro de Recife, esse objetivo foi levado ao pé da letra:

- O incentivo do governo ajuda muito É com ele que pago meu plano de saúde – diz o Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Uma das primeiras personalidades do estado a receber o título, Reginaldo Alves Ferreira tornou-se Mestre Camarão por conta de suas bochechas avermelhadas.

Durante um show para uma rádio local, o cantor Jacinto Silva brincou com as bochechas do cantor e, inadvertidamente, criou a alcunha que acompanharia Reginaldo pelo resto de sua vida.

Nascido em 1940, Mestre Camarão começou a tocar sanfona de oito baixos com sete anos. Acompanhava seu pai, o também sanfoneiro Antonio Neto, nas festas em que ele tocava.

Mais tarde, aperfeiçoou seu talento, tendo contato com muitos músicos reconhecidos, como Sivuca, Hermeto Pascoal e principalmente, Luiz Gonzaga, com quem gravou “Garoto do Grotão”. Foi Mestre Luz, aliás, quem produziu os dois primeiros álbuns da banda de Camarão, considerado o primeiro conjunto de forró do Brasil.

Mestre Camarão foi um dos pioneiros a introduzir no ritmo regional arranjos de sax, trompete e trombone.

Há cerca de quatro anos, passou um mês hospitalizado e perdeu os rins. Por conta disso, faz hemodiálise três vezes por semana, o que o impede de viajar.

Hoje, dedica-se principalmente a repassar o que sabe na Escola Acordeom de Ouro, criada por ele mesmo, onde ensina pessoas de 5 a 70 anos. A Escola fica no bairro de Areias, onde Camarão reside.

- Não tenho nem idéia do número de alunos que já tive. Tenho ex-alunos meus tocando por todo o país. Você mora em Salvador, não é? Sabe o cantor Ademário Coelho? Tem um aluno meu tocando com ele, o Marquinhos - afirma.

Transmitir seu conhecimento é um dos requisitos de possuir o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco – e de todas as outras leis voltadas à valorização dos mestres populares. Segundo Camarão, o título teve um impacto significativo em sua vida. “Mudou muita coisa. Você passa a ter um nome mais destacado, abrem-se os caminhos”, revela.

O Mestre, entretanto, avisa: esse reconhecimento não é para qualquer um.

- Se sou Patrimônio Vivo, é porque tenho uma bagagem de coisas feitas. Tem que ter realizações, tem que ter o que ensinar – pondera.

Foto: Acervo Fundarpe

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Invasão:


Quisera um poema puro,
alvo e nítido pelas
auroras do papel

mais se até as nuvens
que são tão brancas
formam-se multicores
é pincelam laranja, rosa ou noite,
como escolher palavras
únicas (e monocromáticas)?

Descobri o arco-íris
das entrelinhas
invadindo poesia
os trechos da escrita




Lorreine Beatrice.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009




O conflito entre Israel e o Hamas em Gaza:


Qual é a situação de Gaza?

O território, sob controle egípcio entre 1948 e 1967, foi ocupado por Israel há 41 anos. Em 2005, Israel retirou seus colonos e tropas de Gaza, mas manteve o controle das fronteiras terrestres e marítimas do território. Em 2007, depois que o grupo islâmico Hamas expulsou de Gaza os rivais do partido secular Fatah, Israel e Egito impuseram um bloqueio econômico à região

Por que o Hamas controla Gaza?

O grupo islâmico, contrário aos acordos entre Israel e as lideranças do Fatah, venceu as eleições legislativas de 2006 em Gaza e na Cisjordânia. A Cisjordânia está sob ocupação israelense desde 1967, com autonomia limitada exercida pela ANP (Autoridade Nacional Palestina), criada após os Acordos de Oslo com Israel, em 1993.

A eleição de 2006 dividiu a liderança palestina. O Hamas assumiu a chefia do gabinete, mas a Presidência da ANP continuou nas mãos de Mahmoud Abbas, do Fatah.

O gabinete dirigido pelo Hamas foi boicotado por Israel e as potências ocidentais. Abbas se recusou a ceder ao Hamas o comando das forças de segurança. A crise política resultou em conflito armado que levou à expulsão do Fatah de Gaza. Diálogo para um governo de união nacional, mediado por Qatar, fracassou sob pressão dos EUA

Por que a trégua entre Israel e o Hamas fracassou?

A trégua foi acertada em junho, por intermédio do Egito. Nenhum dos lados cumpriu estritamente seus termos. Foguetes continuaram a ser lançados de Gaza, embora de forma bem mais esporádica, e Israel não liberou o fluxo de mercadorias para a região.
A tensão recrudesceu depois de 4 de novembro, dia da eleição nos Estados Unidos, quando Israel bombardeou um túnel em Gaza que supostamente seria usado pelo Hamas para sequestrar soldados

Qual a posição dos países árabes no conflito?

Os governos árabes têm posição dúbia. A maioria apoia o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, contra o Hamas, temendo a influência do grupo sobre radicais em seus países. Mas sofre pressão popular para reagir a Israel. Apenas dois países árabes, Egito e Jordânia, têm relações diplomáticas com Israel. Em 2002, a Liga Árabe lançou a Iniciativa de Paz prometendo normalizar relações com Israel em troca da desocupação de Gaza, da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental e das colinas sírias de Golã

Por que Israel decidiu atacar?

Há várias explicações. Oficialmente, o país visa enfraquecer a capacidade militar do Hamas. Mas há líderes israelenses que pregam a destruição do grupo ou a derrubada do seu governo em Gaza -o que pode ser o objetivo da invasão iniciada ontem. Analistas apontam pelo menos mais três razões para o ataque:

1) A proximidade das eleições gerais de 10 de fevereiro, na qual a atual coalizão de governo, de centro-direita, vinha sendo ameaçada pela ascensão da extrema direita, que defendia uma ofensiva dura contra o Hamas

2) A decisão do país de restabelecer seu poder de dissuasão, ameaçado pelo fracasso da guerra de 2006 contra o grupo xiita libanês Hizbollah. Tanto o Hizbollah quanto o Hamas, em menor grau, têm apoio do Irã, que Israel vê como seu principal inimigo

3) A proximidade da posse de Obama nos EUA. Obama vinha sendo instado a pressionar Israel a um acordo para a criação do Estado palestino em Gaza e na Cisjordânia, objetivo de negociações que se arrastam há 15 anos. Ao atacar o Hamas, Israel pretenderia continuar a impor seu ritmo às negociações

O que quer o Hamas?

O Hamas é misto de milícia, partido e instituição de caridade. A carta fundadora do grupo prega a destruição de Israel. Nos anos 90 e início desta década, o Hamas promoveu dezenas de atentados terroristas em Israel

Desde que aderiram à política formal, nas eleições palestinas de 2006, os dirigentes do Hamas têm sido dúbios. Uma oferta de "trégua prolongada" em 2007 foi vista como reconhecimento implícito de Israel. Há dúvidas sobre se, ao pressionar pela renegociação em termos mais favoráveis da trégua, o grupo esperava retaliação maciça

Qual é a perspectiva agora?

Israel invadiu Gaza 48 horas antes de a ONU discutir proposta de cessar-fogo monitorado; o futuro dependerá da dimensão do avanço israelense em terra