sexta-feira, 31 de julho de 2009



DEZ ILHAS E UM MUNDO - Historia Catarina ao som de Tarrafa Elétrica:
A série de documentários “Dez Ilhas e um mundo” conta a história do povoamento de nosso estado em meados do século XVIII por um pequeno grupo de famílias vinda do arquipélago dos Açores. Os três episódios, contam a historia desta épica viagem, suas tradições, costumes e todo o legado cultural que modelou grande parte da cultura de nosso Estado.

Para assistir os dois primeiros episódios e saber um pouco mais sobre a TAC PRODUÇÕES, que assinada esse belo trabalho é só acessar www.tac.art.br . O ultimo capítulo vai ao ar nesse sábado, 01 de Agosto, às 12h, na RBSTV SC (Reprise às 13h45 na TVCOM).

A trilha sonora fica por conta do som peixeiro do Grupo Cultural Tarrafa Elétrica, que leva através do seu som ainda mais emoção a esse belo registro de nosso povo.

Então não perca nesse sábado o ultimo capítulo de “Dez Ilhas e um mundo”!

Saiba +:

Tac. Produções: www.tac.art.br

Tarrafa Elétrica: www.tarrafaeletrica.art.br

quinta-feira, 30 de julho de 2009




O Coração Vagabundo de Caetano
Paquito
De Salvador (BA)


Fui ver Coração vagabundo, documentário sobre Caetano Veloso, dirigido por Fernando Grostein Andrade, e que acompanha o cantor-compositor na turnê do disco A foreign sound, de 2004. Fui ver e curti viajar com Caetano, seu peculiar senso de humor, seus comentários sobre religião, cultura, música, enfim, assuntos acerca dos quais discorre com generosidade e poder de síntese: "eu sou do sol, quero ser lúcido e feliz".

Não é um retrato que se pretende absoluto ou historicamente detalhado; são instantes, momentos no Japão e nos EUA, dos quais se pode destacar a resposta a Hermeto Paschoal, que o chamou de "musiquinho", após Caetano ter declarado que achava a música americana mais rica que a brasileira. Caetano usa o próprio discurso de Hermeto para desenvolver o seu raciocínio de maneira brilhante. É o que ele mesmo já chamou de "dança da inteligência". Não é pra, simplesmente, se concordar com o que ele diz, mas pra se pensar sobre.

Há instantes engraçados, como quando ele se vê diante de uma sobremesa japonesa que receia comer, por não gostar no aspecto, e há a conversa com um monge budista que diz gostar da canção Coração vagabundo, que dá título ao filme. Me interessa falar desta música, lançada em 1967, antes da explosão tropicalista, e referida quarenta anos depois neste filme, não por acaso.

Coração vagabundo, a canção, aparentemente uma bossa-nova tardia, é um samba curto que sintetiza o percurso de Caetano: anúncio e prenúncio do que viria a seguir na sua obra, por conta dos versos iniciais - "meu coração não se cansa/ de ter esperança/ de um dia ser tudo o que quer"- e finais, "meu coração vagabundo/quer guardar o mundo em mim". Não só a "lembrança de um vulto feliz de mulher", não só a procura romântica do objeto amoroso único, tema constante das canções da bossa-nova, mas a apreensão da complexidade das coisas do mundo e as utopias possíveis, mais amplas que as utopias da esquerda tradicional. O tropicalismo quer abraçar e guardar o mundo e o Brasil, por isso une o aparentemente inconciliável, bossa-nova e iêiêiê, cafonice e sofisticação, na ânsia de apreendê-lo. Como ele mesmo antecipou no texto para o LP pré-tropicalista de Gil: "que se coloquem em outro nível as relações de nossa música com a realidade. (...) prefiro descobrir e ressaltar que a verdade mais profunda da beleza do seu trabalho está no risco que corre de descobrir uma beleza maior: a capacidade de criar uma obra íntegra, assumindo o Brasil inteiro".

O ponto de partida foi todo um raciocínio de Caetano em cima das lições de João Gilberto e da bossa-nova, o que fez dele um caso único de artista que pensou a música popular. Em Coração vagabundo, ele oferece uma alternativa existencial distinta da do lirismo bossa-novístico, algo que vai desenvolver também em canções posteriores. A Inútil paisagem, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, tornar-se-á a Paisagem útil, em suas mãos. As Janelas abertas de Tom e Vinicius, "para que o sol possa vir/ iluminar nosso amor" tornar-se-ão "as portas que dão pra dentro" e "janelas pra que entrem/ todos os insetos" de Janelas abertas número 2, de Caetano. E Saudosismo, deste último, relê a Fotografia, de Tom, e cita Lobo bobo, de Lyra e Bôscoli, e A felicidade e Chega de saudade, ambas de Tom e Vinicius.

Se a pós-modernidade prevê a falência das utopias, Caetano é moderno, pois canta "não tendo utopia/ não pia a beleza também" em Love love love. O projeto estético, portanto, comporta uma ética, "um acorde perfeito maior/ com todo mundo podendo brilhar no cântico" de Muito romântico. E há a crença na nossa identidade como algo que pode interferir nos destinos do mundo, apesar e por conta de nossa diferença: "absurdo, o Brasil pode ser um absurdo/ até aí, tudo bem, nada mal/ pode ser um absurdo, mas ele não é surdo/ o Brasil tem ouvido musical/ que não é normal", também de Love love love.

Todo esse vasto universo, no entanto, pode ser visto como desdobramento de Coração vagabundo, em sua simplicidade cristalina, com o que a canção ambiciona - "ser tudo o que quer"- e persegue - "guardar o mundo". As palavras "tudo" e "mundo" abrem prováveis e improváveis portas e janelas, pela variedade, conjugada à unidade, do que significam.

A obra, a vida. Desde que apareceu no cenário da cultura, Caetano dá muitas entrevistas, discute, se expõe, movimenta-se. Até hoje é assim, e assim foi, como quando teve o blog Obra em progresso, antes de lançar o recente Zii e Zie: aos 66 anos, o artista respondia sempre a todos, e estava atento aos que dele discordavam. Da Bahia, onde há um bolsão de resistência, roqueiros iniciaram um diálogo. Nos dois últimos discos e shows, se fez acompanhar por uma banda de rock, com integrantes mais jovens, oriundos do underground carioca. O coração, portanto, continua vagabundo, e os desafios ainda maiores, num Brasil/mundo cada vez mais fragmentado e partido.

quarta-feira, 29 de julho de 2009




Nosso inverno:

M A L U N G O - 8 HORAS DA MANHÃ DE DOMINGO.


SÁBADO a DOMINGO – 01 e 02 de Agosto

16h30 – Abertura – Praça

17h – Show com Pochyua e Cambaçu – Grande Auditório
- Abertas as exposições de Artes Visuais - Salão Centenário e corredores e de Literatura – Salão de Festas
- Exibição de vídeos – Salão de Festas

18h30 – Peça “Fãs”, do grupo Fãs – Pequeno Auditório
- Show com Travesseiro Polar – Salão Centenário

19h30 – Intervenções literárias: “Microcontos”, de Terezinha Manczak e Paulo; poema de Ricardo Brandes e Danielle da Gama; “Retrato da Nudez Eólica”, de Cláudia Iara Vetter – Salão de Festas

20h – Show com Casa de Orates; abertura com Charles Vendrami – Grande Auditório
- Apresentação do grupo Pró-Dança do Teatro Carlos Gomes – Salão de Festas

21h30 – Intervenção literária de Maria de Fátima e Jairo Martins – Salão Centenário

22h – Show com Alegria do Choro e apresentação da Cuerpo Libre Cia de Dança – Salão Centenário
- Peça “Zé do Mato e os Índios Botocudos”, do Grupo K – Sala B

23h30 – Show musical e visual “Transplanos”, do Opióptico – Praça
- Intervenção literária “Colchão Erótico para uma cidade sem tesão”, de Rosane Magaly Martins e Fátima Venutti – Salão de Festas

0h – Peça “Volúpia”, da Cia Carona – Pequeno Auditório

0h30 – Intervenção literária “Lama Seca”, de Fátima Venutti – corredores

1h – Show com Revolver – Salão Centenário

Peça “O monstro de Nutestein”, do grupo AmaDores – Praça

1h15min – Abertura do “Botequim Literário” – Salão de Festas

2h – Show com Delones Blues – Salão Centenário
- Peça “Amálgama”, do grupo P.A. – Sala B

3h30 – Show com Daian Schmitt e Os Comparsas do Rock – Salão Centenário
- Peça “Navalha na Carne”, do grupo “Víscera” – Pequeno Auditório

5h – Show com Salve Salve; abertura com Terra Brasilis – Grande Auditório
- Peça ParalELAS, do grupo SinoS – Sala B

6h – Peça “Sujos”, do Grupo K – Pequeno Auditório

- Show com Chuck Violence – Salão Centenário
- Intervenção literária “Colchão Erótico para uma cidade sem tesão”, de Rosane Magaly Martins e Fátima Venutti – corredores

7h – Oficina de palhaço e malabares – Salão de Festas

8h – Show com M A L U N G O – Salão Centenário

8h30 – Peça “B-612”, do grupo Ganju – Sala B

9h – Apresentação de palhaço com James Beck – Praça

10h – Peça “Andar sem parar de transformar”, do grupo Elementos em Cena – Pequeno Auditório
- Show com Schleppen – Salão Centenário

11h30 – Intervenção literária “Encontro Marcado” e “A paz de nossos dias”, com Fabiana e Cassiane
- Peça “A leste do sol e a oeste da lua”, do grupo Elementos em Cena – Praça

12h – Show com Confraria do Samba – Salão Centenário

13h30 – Show com Torta Flamejante – Salão Centenário
- Intervenção literária “Lama Seca”, de Fátima Venutti – Praça

14h – Mesa-redonda “Literatura e internet”, com equipe do Duelo de Escritores – Salão de Festas

14h30 – Peça “Preciosas Ridículas”, do grupo AmaDores de Teatro – Praça

15h- Show com Ozuê; abertura com Max Bularque – Grande Auditório
- Peça “A Serpente”, do grupo de teatro da Furb – Pequeno Auditório

15h30min – Apresentação do grupo Pró-Dança do Teatro Carlos Gomes – Salão de Festas

16h - Mesa-redonda sobre teatro – Salão de Festas

16h30min – Show com Tribus da Lua – Salão Centenári

segunda-feira, 27 de julho de 2009

LENDA DE DOM SEBASTIÃO,
Ilha dos Lençóis - Maranhão


Dom Sebastião foi o rei português que morreu em 1578, aos 24 anos de idade, quando se lançou com seus soldados em uma temerária aventura guerreira no Marrocos, na esperança de converter os mouros em cristãos. Ele desapareceu na famosa batalha de Alcácer Quibir, durante a qual o exército português quase foi dizimado pelas forças inimigas, e como o seu corpo jamais foi encontrado, muitas lendas foram então criadas pelos crédulos e otimistas, todas alimentando o sonho de que um dia ele retornaria à sua terra para libertá-la do domínio espanhol, restaurando dessa forma o império português.

Uma dessas histórias sustenta que o soberano costuma aparecer nas noites de lua cheia em uma das praias da ilha dos Lençóis, que por sua vez está localizada no arquipélago de Maiaú, litoral do município de Cururupu, lado ocidental da cidade de São Luís. Diz a lenda que o rei sempre se deixa ver na forma de um touro encantado, aguardando esperançoso que algum corajoso finalmente apareça e o liberte da maldição que o colocou naquela situação. E, também, que ele mora em um palácio de cristal que se ergue no fundo do mar, próximo a ilha, mas não consegue sair de lá, por mais que tente, porque seu navio não encontra a rota correta que o leve de volta a Portugal. A mesma versão garante, ainda, que a Ilha dos Lençóis é encantada, e que se tornou morada do rei português porque os montes de areia nela formados pelo vento, se assemelham aos existentes no campo de Alcácer Quibir, onde dom Sebastião desapareceu.

O touro negro que esconde a figura do rei português tem uma estrela de ouro na testa, e se alguém conseguir atingi-la, ferindo o animal, o reino será desencantado, a cidade de São Luís irá submergir, e em seu lugar surgirá a cidade encantada que guarda os tesouros do rei. Os mais crédulos vão adiante, pois acreditam que no dia em que a testa estrelada do touro for machucada por algum cidadão desassombrado, o rei será libertado do encanto maligno que o transformou em animal, emergirá de vez das profundezas do oceano, e que os enormes vagalhões provocados pela emersão da numerosa e reluzente corte real que o acompanha, bem como dos exércitos que não o abandonam e nem deixam de protegê-lo em seu incansável vagar pelas areias das dunas da ilha dos Lençóis, farão desaparecer a cidade de São Luís do Maranhão sob a fúria das águas revoltas.

A Ilha dos Lençóis não deve ser confundida com os Lençóis Maranhenses, parque nacional situado a leste da Ilha de São Luís, (lado oposto), na divisa com o estado do Piauí. Situada no litoral ocidental do Maranhão, com uma área não maior que 900 hectares, a 155 quilômetros a oeste da capital São Luís, e a 82 quilômetros do primeiro parque estadual marinho do Brasil, o Parque Marinho de Manoel Luís, a ilha tem solo arenoso formando um campo de dunas de até 35 metros de altura, que se prolonga por quase toda sua extensão ate se mesclar com o mangue no lado sudoeste, formando lagoas de águas cristalinas durante a época chuvosa, mas que, costumam desaparecer durante o período da seca.

Com fauna e flora típicas, a Ilha dos Lençóis se constitui em um dos lugares únicos do Brasil, e por isso é considerada uma das mais belas ilhas oceânicas do país. O acesso a ela é feito somente por meio de embarcações tradicionais, ou de avião mono ou bimotor, motivo pelo qual ainda hoje a ilha se mantém praticamente no seu estado original. Nela reside uma antiga comunidade de pescadores originada dos portugueses que ali se fixaram há muito tempo atrás.

A Ilha dos Lençóis é um santuário ecológico onde pode ser encontrado, entre outros, o pássaro Guará, uma das aves mais bonitas do Brasil. Revoando por aquela região ás centenas, colorindo os ares com sua plumagem de um vermelho intenso, eles parecem incendiar a floresta de Mangue, uma das mais bonitas que se possa encontrar. Além das dunas de rara beleza, das paisagens bucólicas, dos seus habitantes albinos, da pureza ecológica que se vê, que se sente e que se respira a cada passo, a ilha desperta no imaginário dos que a visitam, inúmeros pensamentos e suposições que se prendem à lenda do rei transformado em touro encantado.

D. Sebastião I (1554 - 1578), décimo sexto rei de Portugal, herdou o trono em 1507, quando tinha apenas três anos de idade; Durante a sua menoridade a regência foi assegurada primeiro pela rainha Catarina da Áustria, sua avó, viúva de D. João III, e depois pelo tio-avô, Cardeal Henrique de Évora. .Aos 14 anos, quando finalmente assumiu o trono, o jovem soberano tinha a saúde débil, o espírito fraco e a mente sonhadora, razão pela qual, ao invés de administrar o vasto império de que era senhor, formulava planos para batalhas imaginárias e conquistas retumbantes, além de projetos visando a expansão da fé católica, profundamente convencido de que seria ele o capitão de Cristo numa nova cruzada contra os mouros do norte de África. Por isso começou a preparar-se para a expedição contra os marroquinos da cidade de Fez.

Por achar que aquela idéia era uma loucura, seu tio Filipe II, rei da Espanha, esquivou-se de acompanhá-lo, e por isso o exército português partiu sem reforços, desembarcando em Marrocos no ano de 1578. Uma vez lá, o rei ignorou os conselhos dados por seus generais e decidiu avançar imediatamente para o interior, em busca do inimigo. Na batalha que se seguiu, a de Alcácer-Quibir, os portugueses foram derrotados humilhantemente pelas forças do sultão Ahmed Mohammed, e perderam uma boa parte do seu exército.

Quanto a Sebastião, provavelmente morreu na batalha, ou depois de aprisionado. Mas para o povo português de então, o rei havia apenas desaparecido, e por isso passou a esperar por seu regresso.

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Vocês sabiam que há uma ilha no Maranhão, chamada Lençóis, que abriga uma comunidade de pescadores onde a incidência de albinismo é bastante alta. Tão alta que eles receberam o nome de Povo da Lua, porque só podem sair pra pescar á noite, devido ao abrasador calor local. Lembro-me de ter visto uma reportagem a respeito, no Fantástico, quando ainda era bem meninote ou adolescente.

Achei um par de links interessantes sobre o tema. Não postarei tudo duma vez, para dar tempo ao leitor de fruir melhor as informações.

Revista Isto É, 06/02/2002

Filhos do encanto
Na Ilha dos Lençóis lendas e assombrações fazem parte da rotina dos pescadores que acreditam viver em uma terra mágica
Madi Rodrigues e Leopoldo Silva (fotos) - Ilha dos Lençóis (MA)

O meio-dia o sol é tão quente que a impressão é que tudo à volta treme. Os pés afundam na areia fina que queima como brasa. O mar fica na porta de casa, assim como os barcos. Em contraste com as dunas gigantes, o manguezal vira floresta. Coqueiros, cachorros magros, cabras desnutridas e crianças descalças completam a paisagem. Esse é o cenário real da Ilha dos Lençóis, comunidade encravada no litoral do Maranhão, onde lendas e assombrações são contadas pela comunidade de pescadores e descendentes de albinos, certa de que vive numa terra encantada.
A ilha, que fica a mais de sete horas de barco do município de Cururupu, tem 103 casas, todas feitas de palha de babaçu. A mitológica região, onde vivem 300 pescadores semi-analfabetos, num passado não muito distante registrava grande incidência de albinos. Isso ajudou no enredo fantástico traçado por aquela gente que faz do mar a principal fonte de sobrevivência. A vida na ilha segue o ritmo da maré e obedece a um ritual invariável: os homens pescam e as mulheres cavam poços nos pés das dunas para abastecer as casas com água doce. Depois se embrenham nos mangues para catar galhos secos e transformá-los em lenha para cozinhar o peixe. Na comunidade não existe escola – as crianças estudam até a quarta série em barracões improvisados. A ilha pertence ao Arquipélago de Maiaú, um dos mais atrasados da costa brasileira. Localizado a 160 quilômetros a oeste de São Luís, não há médicos e outra forma de subsistência a não ser a pesca.

Albinos – Da legião de albinos que povoava a ilha na década de 80, sobraram poucos para contar a história fantástica do rei menino. Muitos morreram de câncer de pele e outros foram embora para cidades vizinhas com medo do mesmo destino. Os albinos que ficaram mantêm a tradição: são chamados de Filhos da Lua, não pela poesia que o apelido sugere, mas pela necessidade que têm de pescar à noite para se proteger do sol. Na comunidade, albinos e não-albinos dão vida às lendas do lugar, implantadas no País pelos jesuítas no século XVII. Os pescadores contam que na ilha existe um reino – um palácio feito de ouro, cristais e diamantes – há muito tempo escondido nas profundezas das águas da Praia dos Lençóis. A ilha e o reino, segundo eles, têm dono. Ambos pertencem a dom Sebastião – o rei menino de Portugal, que foi coroado aos três anos de idade e desapareceu aos 24 na Batalha de Alcacér-Quibir, contra os mouros, na África, por volta do século XVII. Os pescadores acreditam que, depois da derrota, dom Sebastião atravessou o oceano e veio se refugiar na Ilha dos Lençóis onde tornou-se encantado, assim como suas riquezas.
No imaginário dos pescadores, o rei nunca mais deixou a ilha. Vive lá vigiando seu palácio e protegendo os habitantes. Nas noites de lua cheia um touro preto coroado e com uma estrela na testa passeia pelas dunas, soltando fogo pelas ventas. É dom Sebastião querendo pôr fim ao encanto. O rei também aparece em forma de gente, vestido de cavaleiro e montado em um cavalo branco.
“Nessa ilha mora um rei e o nome dele é dom Sebastião”, garante o pescador albino Manoel de Oliveira, 67 anos, mais conhecido como Macieira, nascido e criado em Lençóis. “Aqui tambores tocam no fundo da terra e eu já ouvi muitas vezes isso acontecer”, afirma. Pai de nove filhos e avô de 25 netos, dois deles também albinos, Macieira tenta a todo custo encontrar-se com o rei. “Nas noites de lua cheia, subo as dunas na esperança de vê-lo. Minha curiosidade é saber como ele é: se é branco, preto ou albino como eu. Meus avós viram muitas vezes o touro passeando nas dunas e me disseram que essa ilha é dele e eu acredito nisso.” Apesar de acreditar que mora num paraíso encantado, Macieira reivindica mais atenção: “O povo aqui é esquecido de medicina e educação. Temos um posto de saúde, mas não temos médico e a escola das crianças é um barracão.” Por causa do sol, já teve dois cânceres, um na perna e outro na orelha. “Não gostaria que o mesmo acontecesse com os meus netos, Robert e Ronald, que nasceram albinos como eu.” Sobre a viabilidade de um dia o rei vir a desencantar Macieira, é categórico: “Não vai ser nada bom. Já diziam os meus antepassados que se isso acontecer a ilha vira cidade e São Luís desaparece nas profundezas do mar.”

Sonhos – “Rei, rei, rei Sebastião, quem desencantar Lençóis vai abaixo o Maranhão.” Essa é a cantiga que não sai da boca da viúva Telma Maria Silva, 35 anos. Ela é outra que diz que já perdeu a conta das vezes em que viu o rei. “Sonho com ele sempre. Ele é moreno, tem olhos azuis e usa um boné vermelho na cabeça”, descreve Telma, que ganha R$ 15 por mês carregando água para abastecer uma das duas pousadas do local. Telma já teve 12 filhos, todos albinos. “Dez morreram, um deles com seis meses”, lembra, dizendo que apenas dois sobreviveram, entre eles Cleber, cinco anos. O pai- de-santo José Mário de Araújo, 64 anos, é mais um que confirma o passeio do rei menino em forma de boi pelas dunas da ilha: “Eu já vi o touro em plena luz do dia.” Uma vez por semana, José Mário conta que sonha com o rei e o descreve como Telma, só que, em vez de um boné, ele usa uma veste branca. Neuza Miranda, 76 anos, a dona Nini, reforça a tese de que o encanto passa de pai para filho: “Meus pais cansaram de ver o touro. De minha parte, já ouvi cavalos rinchando, sendo que aqui não existe nenhum cavalo.”
Maria Isabel de Araújo Ferreira, 43 anos, é líder comunitária e diz que faz questão de contar para os filhos histórias e lendas do lugar. “Até bem pouco tempo atrás, era comum a gente encontrar na praia brincos de pérola, correntes de ouro, pulseiras, xícaras de porcelana e até potes de cerâmica, vindos não se sabe de onde”, afirma Isabel. Tiago, filho de Isabel, tem 17 anos, estudou até a quarta série. Pescador como o pai, Tiago gosta das histórias. “Sou filho de uma ilha encantada. Adoro este lugar”, afirma.
Antes que os aventureiros lancem mão, os moradores advertem: dom Sebastião é ciumento e nada pode ser levado da ilha sem a sua permissão. Quem desobedece se arrepende amargamente. Casos ilustrando o apego do rei pelas coisas do lugar não faltam. Recentemente, um gerente de um mercado de Cururupu esteve na ilha e encontrou três búzios dourados. Levou para casa e foi o suficiente para perder o sono e o sossego. “Ele ficou sem dormir durante uma semana, ouvindo vozes ordenando que devolvesse os búzios o quanto antes. Devolveu e voltou a ter paz”, contou Macieira.


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Tentei achar o Documentario completo mais não rolou..

Mais tem um pedaço ai..

http://www.youtube.com/watch?v=Hv8Isyfddbc

quarta-feira, 15 de julho de 2009




Sem comentários, sobre a ignorancia do ser humano!


O Irã tem capacidade para construir uma bomba atômica e realizar, em condições similares às da Coreia do Norte, seu primeiro teste de detonação subterrânea em seis meses, assegura a revista alemã Stern em sua próxima edição. "Se quiserem, podem detonar uma bomba de urânio em meio ano", afirma na revista um agente dos serviços secretos alemães (BND) cujo nome não foi citado.

A fonte acrescenta que, de acordo com os técnicos do BND em matéria nuclear, o Irã já domina totalmente o processo para o enriquecimento de urânio e conta com centrífugas suficientes para produzir a versão militar desse mineral.

"Há dois anos, ninguém acreditava nessa possibilidade", afirma o agente consultado. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã já tem 7 mil centrífugas em sua usina de enriquecimento de urânio em Natanz. Até junho deste ano, 4.920 delas se encontravam em funcionamento.

Com esses recursos, os técnicos nucleares iranianos já podem ter enriquecido 1,3 t de urânio em níveis de aplicação militar, material suficiente para produzir uma ou duas bombas atômicas.

A Stern assegura que o Irã trabalha de maneira acelerada no desenvolvimento de mísseis com capacidade para transportar ogivas nucleares e suficiente alcance para atingir alvos no continente europeu.

As fontes do BND consultadas pela revista assinalam que o programa de mísseis iraniano se concentra "exclusivamente" na construção de ogivas nucleares. Além disso, destacam que o Irã precisará de mais três anos para contar com ogivas nucleares para armar seus mísseis de médio alcance.

Finalmente, a Stern revela que os componentes para a construção desse tipo de mísseis são adquiridos pelo Irã no mundo todo, até mesmo na Alemanha, mediante uma rede de empresas camufladas dirigidas pelo iraniano Said Mohammad Hosseinian, "um dos homens mais procurados do mundo" pelos serviços secretos ocidentais, de acordo com o BND.

EFE - Agência EFE - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Uma temporada de farsas
Noam Chomsky
Dos Estados Undios

As eleições no Líbano e Irã, e o golpe militar em Honduras, são relevantes não apenas por sua mera existência, mas também pelas reações internacionais que causaram. Em comparação, há de se mencionar a pouca atenção dada ao recente ato de pirataria israelense no Mediterrâneo.

Líbano

A eleição de 7 de junho causou celeuma na opinião pública.

"Eu sou fã das eleições livres e justas", disse Thomas Friedman, em sua coluna no New York Times, no dia 10 de junho. "No Líbano a eleição foi verdadeira e os resultados foram fascinantes: O presidente Barack Obama derrotou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad".

Crucialmente, "uma vasta maioria dos libaneses - muçulmanos, cristãos e drusos - votaram na coligação 14 de março, liderada por Saad Hariri", o candidato apoiado pelos EUA e filho do ex-primeiro ministro assassinado Rafik Hariri.

Precisamos dar o crédito devido ao triunfo dessas eleições livres (e de Washington também): "Se George Bush não tivesse se imposto aos sírios em 2005 - fazendo-os deixar o Líbano após o assassinato de Hariri - esta eleição livre nunca teria acontecido", disse Friedman. "Bush criou a oportunidade. E o discurso de Obama no Cairo, foi a cereja no bolo".

Dois dias depois, as visões de Friedman ecoaram na coluna de Elliott Abrams, do Conselho das Relações Estrangeiras, que também foi um alto oficial dos governos de Reagan e Bush filho: "A votação no Líbano passou em todos os testes de legitimidade. Os libaneses tiveram a chance votar contra o Hezbollah, e não hesitaram em abraçá-la".

Qualquer "teste de legitimidade", no entanto, deveria incluir o voto em si. A coligação 8 de março, ligada ao Hezbollah, ganhou com a mesma diferença de votos que Obama venceu McCain em novembro, aproximadamente 54% do voto popular, de acordo com os números divulgados pelo Ministério do Interior libanês.

Portanto, se levarmos em conta o argumento de Friedman e Abrams, deveríamos lamentar a derrota de Ahmadinejad - que também é de Obama.

Como muitos outros, Friedman e Abrams se referem aos representantes do Parlamento. Os números são afetados pelo sistema de votação libanês, que é confessional, o que reduz de forma aguda o número de vagas para a maior das seitas, os xiitas, que apoiam amplamente o Hezbollah e seu aliado, o Movimento Amal.

Mas os analistas sérios apontaram que as regras do sistema "confessional" libanês debilitam o conceito de "eleições livres e justas" das mais variadas formas. O analista político Assaf Kfoury observa que essas regras não permitem a participação de partidos não sectários e cria uma barreira para a introdução de políticas socioeconômicas e outras questões relevantes no sistema eleitoral.

Para Kfoury, essas regras abrem espaço para "uma interferência externa maciça", pouca participação do eleitorado e "manipulação e compra de votos", todos observados, mais do que nunca, na eleição de junho.

Em Beirute, onde reside quase a metade da população do Líbano, menos de um quarto dos eleitores conseguiu votar sem precisar retornar à sua zona eleitoral de origem. O efeito disso é que os trabalhadores imigrantes e as classes mais pobres acabam efetivamente perdendo seu direito ao voto, "numa espécie de gerrymandering ao estilo libanês", escreveu Kfoury.

Irã

Como no Líbano, o sistema eleitoral do Irã viola direitos básicos. Os candidatos precisam ser aprovados pelos líderes religiosos, que reprovam as políticas com as quais não concordam.

Os resultados eleitorais divulgados pelo Ministério do Interior iraniano carecem de credibilidade, tanto pela forma com que foram divulgados quanto pelos números em si - retratando fidedignamente o descontentamento popular reprimido brutalmente pelas forças armadas dos religiosos no poder. Talvez Ahmadinejad tivesse conquistado a maioria justa dos votos, mas os governantes não estavam dispostos a arriscar.

Nas ruas do Teerã, a correspondente Reese Erlich escreveu: "É um movimento de massa iraniano genuíno, composto por estudantes, trabalhadores, mulheres e integrantes da classe média" - e possivelmente uma grande parcela da população rural.

Eric Hooglund, acadêmico e estudioso da zona rural iraniana, relata que houve um apoio "impressionante" ao candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi, por parte dos habitantes das regiões por ele estudadas, além de "um ultraje moral palpável, no que se acredita ser uma eleição roubada".

É bastante improvável que o protesto venha a abalar o regime clérico-militar em curto prazo, como diz Erlich, "estão sendo plantadas sementes para lutas futuras".

Israel-Palestina

Não se deve esquecer que houve uma eleição "livre e justa recentemente no Oriente Médio - em janeiro de 2006 na Palestina, onde os Estados Unidos e seus aliados puniram a população que "votou errado".

Israel impôs um cerco a Gaza e, no inverno passado, atacaram sem clemência.

Amparado pela impunidade que recebe dos EUA, Israel forçou novamente seu bloqueio, sequestrando o navio do movimento Free Gaza, "Spirit of Humanity" (Espírito da Humanidade), em águas internacionais, forçando-o a ancorar no porto israelense Ashdod.

O navio havia saído do Chipre, onde a carga foi inspecionada: medicamentos, material de construção e brinquedos. Os trabalhadores de direitos humanos a bordo incluíam Mairead Maguire, laureada com o prêmio Nobel, e o a ex-congressista norte-americana Cynthia McKinney.

O crime praticamente não chamou a atenção de ninguém - até com alguma justiça, dizem alguns, já que Israel vem saqueando navios entre o Chipre e o Líbano há décadas. Então por que agora noticiar essa recente situação vergonhosa de um estado traiçoeiro e seu líder?

Honduras

A América Central é também cenário de um crime eleitoral. Um golpe militar em Honduras removeu o presidente Manuel Zelaya e o expulsou para a Costa Rica.

O golpe reafirma o que o analista de assuntos latino-americanos, Mark Weisbrot, chama de "uma história recorrente na América Latina", embargando "um presidente reformista, que tem apoio dos sindicatos e organizações sociais e que lutava contra a elite política, apoiada pela máfia e o tráfico de drogas, acostumados a escolher a dedo seus representantes na Corte Suprema, no Congresso e até mesmo na presidência".

A opinião pública descreve o golpe como um retorno infeliz ao passado negro de décadas atrás. O que não é verdade. Esse é o terceiro golpe militar da última década, confirmando a noção da "história recorrente".

O primeiro, na Venezuela em 2002, foi apoiado pela administração Bush, mas recuou depois da desaprovação maciça na América Latina e a volta do governo eleito por pleito popular.

O segundo, no Haiti em 2004, foi levado a cabo pelos algozes habituais do país, França e Estados Unidos. O presidente eleito, Jean-Bertrand Aristide, foi expulso para a África Central.

O que há de novo no golpe de Honduras é que Washington não o apoiou.

Em vez disso, os EUA montaram oposição ao golpe juntamente com a OEA, ainda que expressando uma oposição mais branda do que os outros países e sem tomar atitude alguma. Ao contrário dos estados vizinhos, como a França, Espanha e Itália, os Estados Unidos optaram por não remover seu embaixador.

É muito difícil acreditar que Washington não tivesse conhecimento prévio do que estava prestes a acontecer em Honduras, um país extremamente dependente da ajuda norte-americana e cujo exército conta com armas, treinamento e aconselhamento dos EUA. As relações militares entre os dois países começaram na década de 1980, quando Honduras servia de base para a guerra terrorista do presidente Reagan contra a Nicarágua. Se a "história recorrente" se repetirá ou não depende muito das reações vindas dos Estados Unidos.

terça-feira, 7 de julho de 2009

"Pela quantidade de filmes dublados que começam a invadir os canais fechados, concluo que o número de analfabetos no país tem aumentado. Uma pena".