terça-feira, 13 de maio de 2008

"VIVA 13 DE MAIO NEGRO LIVRE NO BRASIL, MAIS NA BEM DA VERDADE FOI UM PRIMEIRO DE ABRIL".


Texto escrito por Claudia Eggert.
O encontro foi realizado pelo grupo Jaé de Itajjai. Foi muito bom por sinal!


Este final de semana fomos acampar. Era o Encontro Regional de Batuqueiros, em Camboriú.

Organizado pelo Jaé, grupo de maracatu e pesquisas rítmicas de Itajaí, o encontro teve a participação de quase 50 pessoas de 5 grupos diferentes: Jaé (Itajaí), Grupo Capivara (Blumenau), Arrasta Ilha (Florianópolis), Maracaeté e Estrela do Sul (ambos de Curitiba).

Na abertura na sexta feira à noite, todos se apresentaram e falaram um pouco de seus grupos, a história de cada um, sua situação em sua cidade.

Uma coisa que me chamou muito a atenção, foi que em todas as cidades, os grupos de maracatu enfrentam dificuldades de achar espaço para ensaio. A justificativa é que o maracatu não faz parte da cultura das cidades representadas.

Blumenau é de colonização alemã, Floripa e Itajaí, portuguesa e Curitiba, principalmente polonesa e italiana, dentre outras várias, todas européias.

Então me perguntei: só europeus construíram nossas cidades?

não exitiam índios e negros escravos?

Na época da escravatura, quase 50% da população brasileira era de escravos e o resto eram pessoas livres.. e brancas.

Ora, se a metade da população não era européia e sim africana, então a metade da cultura dos lugares deveria ser também africana. E é. Só que não é falado, pois para o brasileiro o que vem de fora é melhor. Leia-se de fora como Europa, ou mais atualmente EUA, África não é de fora, África não conta. África não tem ciência.

No texto anterior, a pesquisadora Rosane Volpatto afirma que a cultura negra está em todas as manifestações culturais, religiosas e cotidianas brasileiras. Todo mundo sabe disso.

Por que então continuar com a discriminação contra a cultura africana?
Por que então continuar com a afirmação de que a cultura do local é germânica ou portuguesa ou italiana somente?

O que acredito que deveria ser aumentado é a auto estima, a auto valorização das pessoas que representam esta cultura, pois por mais que acreditemos na influência dela na cultura brasileira, nós mesmos justificamos e achamos certo manter a tradição européia como principal e até única.

Não podemos pensar assim. Não podemos deixar que só as culturas européias sejam consideradas como base de tudo de bom que acontece no Brasil e que a cultura africana seja considerada a base de tudo de ruim que o brasileiro tem.
Nossa alegria mesmo frente às desgraças do dia-a-dia, nosso jogo de cintura, nossa raça, graça, nosso suingue, é tudo de origem africana.

A padroeira do Brasil é negra!!!!

A cultura nordestina é cultura brasileira, assim como a cultura gaúcha também o é, a mineira, a carioca, a capixaba....
Difundir as culturas locais é mostrar ao mundo que o Brasil é o país mais miscigenado, e não só nas cores das pessoas, mas na cultura também, e isso é bom.

O Brasil é um grande caldeirão onde todas as culturas do mundo se juntaram. E todas devem ser respeitadas.

É por isso que eu luto, pela igualdade de oportunidades, pela igualdade de direitos entre os sexos, pela igualdade de direitos entre as cores. Pela igualdade de valorização das culturas. Mas sempre respeitando as diferenças.

Claudia Eggert.

Nenhum comentário: