quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Ainda na onda de Castro...

Segue texto escrito pelo nosso amigo e grande escritor blumenauense Maicon Tenfen.

Fidel é doido. Depois de trocar os manuais de advocacia por uma cartucheira e um uniforme verde-oliva, liderou o destacamento de 82 homens que, armados com facas e velhas espingardas, desembarcaram em Cuba para uma missão no mínimo extravagante: derrotar todo um exército e derrubar o governo pró-Washington de Fulgêncio Batista.

Fidel é otimista. As tropas do governo, que esperavam os rebeldes, metralharam e degolaram a grande maioria deles numa série interminável de emboscadas. Dos 82, sobraram dezessete. Quando finalmente se refugiaram na Sierra Maestra, um jovem e assustado Castro olhou para Che Guevara e disse: "Chegamos à serra. Os dias da ditadura estão contados."

Fidel é sacripanta. Depois de tomar Havana, apadrinhou julgamentos sumários e enviou seus inimigos ao paredón. Quando os Estados Unidos, antes calados para as atrocidades de Batista, começaram a chiar, Castro alegou que estava apenas obedecendo aos desejos do seu povo. Sem ficar vermelho, afirmou que "a justiça revolucionária está baseada não nos princípios legais, mas na convicção moral".

Fidel é come-quieto. Não saiu aos quatro ventos alardeando que era comunista. Primeiro iniciou a Reforma Agrária, nacionalizou indústrias e centralizou a economia. Em 1961, quando não dava mais para segurar a peteca sozinho, sentou-se no colo do Urso Soviético. A resposta veio em seguida, na Baía dos Porcos, com o ataque dos contra-revolucionários treinados pela CIA. A ilha reagiu à altura.

Fidel é bombástico. O mundo nunca esteve tão próximo do conflito extremo quanto em 1962, ano em que a URSS resolveu instalar 42 ogivas nucleares em Cuba. Os americanos acham que John Kennedy salvou o mundo. Há quem aposte no taco do Nikita Kruchev. Castro sabia que nenhum dos dois tinha culhões para apertar o botão vermelho.

Fidel é blindado. Exagero ou não, o serviço secreto cubano informa que, durante os 49 anos no poder, seu líder sofreu mais de 630 tentativas de homicídio.

Fidel é mágico. Manteve o regime depois da dissolução do bloco soviético.

Fidel é velho. Ontem admitiu sua "falta de condições físicas" para o trabalho e anunciou que não voltará a governar Cuba, o que representa o fim de uma era e o início de uma série de dúvidas sobre o futuro do socialismo tropical. A ilha continuará revolucionária, mítica e eternamente embargada? Voltará a ser o quintal do Tio Sam e das companhias que antigamente controlavam a produção de frutas e cana-de-açúcar? Encontrará uma terceira via no horizonte?

Em breve, muito em breve, a resposta...




Paz e Luz!

2 comentários:

Craudinha Egg disse...

Maicon Tenfen é muito bom....
tá no jornal q o irmão castro pediu ajuda pro camarada Lula.. seria esta a terceira via?
logo, logo saberemos....

Craudinha Egg disse...

te botei na minha lista de admiráveis blogs novos...
ótimo findi
bjins