quinta-feira, 20 de março de 2008




Quando era criança cheguei a ir na Farra do Boi, hoje é proibido mais todo mundo PROIBI o que é diferente... Sou contra a tortura de animais, Mais colocar um boi em uma mangueira e faze-lo correr atrás de uma pessoa é divertido...
Saudades do tempo de infância!!!


Farra da hipocrisia - Maicon Tenfen.

Sou contra a farra do boi. Um dia vi uma reportagem a respeito do tema, na TV, e resolvi ser contra. Foi uma decisão automática, quase inconsciente, não houve dilema ou mesmo hesitação. Já que nasci e cresci a dezenas de quilômetros do Litoral, a farra do boi nunca significou nada para mim. "Cambada de arruaceiros!", pensei, e com isso atingi um novo patamar de civilidade. Depois de proferir um discurso desaprovando a exploração e os maus-tratos em cima dos coitadinhos dos bichinhos, pedi à mamãe que me alcançasse a travessa de carne.

Na época dos nossos avós, ninguém se preocupava muito com a farra do boi. De uns tempos pra cá, no entanto, começamos a nos indignar com fúria crescente. Por quê? Ainda que o desenvolvimento das comunicações e a observância aos direitos dos animais tenham a ver com a resposta, há questões maiores por trás de nossos protestos. Em pouquíssimos anos, praticamente da noite para o dia, passamos a integrar um novo mundo, uma nova ordem, um novo padrão de costumes que não deixa mais espaço para "bestialidades regionais" como a farra do boi.

Esse novo mundo tem muitos nomes. O mais conhecido é globalização. Nele não existem cidadãos, apenas consumidores padronizados. Tudo que é diferente deve ser suprimido em nome de uma falsa harmonia que nos leva aos shoppings e nos faz vibrar com as reprises de Friends. A quem a Justiça deve ouvir, portanto? A nós, consumidores certinhos e cheios de indignação, ou a eles, farristas descalços e truculentos? A nós, é claro, que pergunta boba! Se as leis realmente fossem iguais para todos, a Festa do Peão de Barretos seria combatida com a mesma energia empregada contra a farra do boi.

Mas Barretos - que é isso, gente? - Barretos é uma grife, movimenta milhões de dólares, quem vai se preocupar com as virilhas de um touro fedorento quando alguém consegue criar uma linha interessante de consumo? Trocando em miúdos, a abominável farra do boi torna-se ainda mais abominável porque é uma festa da ralé que não tem patrocinador oficial. Sugiro que continuemos exigindo providências às autoridades - em especial para casos como o do vereador de Bombinhas - , mas também sugiro que sejamos mais parcimoniosos em nossas exaltações de repúdio a esse costume inaceitável (para a economia globalizada) de alguns de nossos conterrâneos do Litoral.

Em quase todas as catilinárias contra a farra do boi, percebo uns tiques moralistas que, tal como querem os senhores do consumo, insistem em dividir o mundo entre os bonzinhos e os malvadinhos. Nunca ouvi ninguém propor educação, esporte e lazer para os ex-farristas. Repito que sou contra a farra do boi. Sou também contra a hipocrisia.

Um comentário:

Craudinha Egg disse...

muito legal....
de onde tu pega os textos do maicon?