quinta-feira, 19 de junho de 2008

Maicon Tenfen:


- Muitos anos depois, diante de uma folha de papel em branco, eu haveria de recordar aquela tarde remota em que meu pai me levou para conhecer o teatro popular.

É assim, com um pastiche de Garcia Márquez, que inicio minha homenagem ao Teatro do Biriba, uma companhia itinerante que nasceu no meio-oeste catarinense, em 1970, e que continua firme nas suas apresentações pelas pequenas, médias e grandes cidades do sul do Brasil.

Quando criança, tive o privilégio de assistir à performance do comediante Geraldo Passos, o fundador, numa breve temporada que a companhia fez em Ituporanga, minha terra natal. Foi meu primeiro contato com o teatro, um contato saudável, alegre e interativo.

Mais que engraçadas, as peças protagonizadas pelo palhaço Biriba (hoje interpretado por Adriano Passos, neto de Geraldo) são escancaradamente alopradas e escrachadas. É o teatro popular em seu estado mais verdadeiro, na forma, nos meios e no conteúdo.

Algumas peças permanecem vivas nas minhas recordações. É o caso de Biriba e a corrida da égua-relâmpago, Biriba contra o lobisomem, Biriba de minissaia e Biriba, o rei do gatilho. Com os devidos improvisos e adaptações, todas continuam sendo encenadas pela atual equipe de atores.

É claro que a trupe passou por dificuldades. Devido às inúmeras crises econômicas enfrentadas pelo país, esteve à beira de fechar as portas em diversos momentos, especialmente em meados dos anos 1980. Outro golpe, provavelmente mais traumático, foi a morte do primeiro dos Biribas, Geraldo Passos, em 1991.

O show, porém, deve continuar. Atualmente, ao que parece, a companhia passa por um dos seus melhores momentos. Nos últimos meses tem montado sua tenda nas cidades do Vale do Itajaí, em temporadas bem-sucedidas de público e animação. Hoje à noite, em espetáculo único na cidade, os atores sobem ao palco do Carlos Gomes para apresentar a comédia Biribinha no Espeto.

É uma espécie de milagre que, num mundo padronizado pela voracidade da Indústria Cultural, exista um grupo de teatro que persistiu por tantos anos e com tanto sucesso. Devo muito a esse pessoal. Se hoje freqüento o Festival Universitário de Teatro, por exemplo, é porque num belo dia tive a sorte de entrar no antigo pavilhão de zinco do Teatro do Biriba. Vida longa à arte de Dionísio!


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Biriba no Teatro!?

Bora lá então!?

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