segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Critica - João Bosco - Não vou pro céu



O novo trabalho de João Bosco é suave e instrospectivo. Aliás, "suavidade" pode ser a palavra-chave desse novo álbum. O disco é econômico, delicado, com ênfase em um instrumental simples, no qual se sobressai o violão.


As letras de "Não Vou Pro Céu, Mas Já Não Vivo No Chão" - primeiro disco de músicas inéditas do artista em sete anos - também estão a altura do instrumental de João Bosco, que canta ainda melhor (e de forma mais “simples”) nesse trabalho. Produzido por Francisco Bosco e pelo guitarrista Ricardo Silveira, o álbum já pode ser considerado um dos melhores da (sólida) discografia de João Bosco. Em "Não Vou Pro Céu, Mas Já Não Vivo No Chão", João Bosco repete a dose de parceria com o seu filho, o ótimo letrista Francisco Bosco e, ao mesmo tempo, marca o retorno da célebre parceria João Bosco / Aldir Blanc - a dupla mais gravada por Elis Regina - em quatro faixas.



A balançante "Sonho de Caramujo" é uma dessas faixas. Nela é possível matar saudades de grandes canções como "Nação" ou "O Mestre Sala dos Mares". A singela "Navalha", por sua vez, possui uma das melhores letras do disco: "Aí, eu fui crucificado / Nos cravos do teu amor / Não me lembro de outra coisa / Que me causasse tanta dor". "Mentiras de Verdade" é aquele tipo de canção com a clássica assinatura de João Bosco, e que já nasce clássico, diferentemente da menos inspirada "Plural Singular". Ao lado do filho Francisco Bosco, João compôs cinco faixas, com destaque para a afro "Tanajura", com participação dos percussionistas Robertinho Silva e Armando Marçal. A bossa nova "Perfeição" e a intrincada "Desnortes" são outros dois destaques da parceria "pai e filho".



Além de Francisco Bosco e Aldir Blanc, João Bosco divide o lápis e o papel com Carlos Rennó e Nei Lopes. Com o primeiro, foram duas canções: "Pronto Pra Próxima" e "Pintura". Já a parceria com Neil Lopes é estreada com uma das melhores faixas de "Não Vou Pro Céu, Mas Já Não Vivo No Chão". "Jimbo No Jazz", apenas com o violão e a voz de João Bosco, já pode ser considerado, fácil, fácil, um dos melhores momentos de sua carreira. A única canção que não foi composta por João Bosco é "Ingenuidade", composta por Serafim Adriano e imortalizada por Clementina de Jesus, e que, curiosa(coincidente)mente está presente também em "Zii e Zie", último trabalho de Caetano Veloso.

Foram sete anos para João Bosco lançar um álbum de inéditas. Mas parece que a espera valeu. Sei não, mas acho que João Bosco tem lugar no céu sim...

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