quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Maicon Tenfen.
Maicon Tenfens, escreve crônicas semanais para o Diário Catarinense e crônicas diárias para o Jornal de Santa Catarina, ambos do Grupo RBS.
Além de seus vários livros públicados.

Na minha opinião um dos melhores escritores da nossa Região, com o qual tive o prazer de estudar durante 3 anos!



Políticos na TV - Maicon Tenfen.

Ninguém é capaz de imaginar o ódio que me assaltava quando a Propaganda Eleitoral Gratuita substituía a programação normal da TV. Isso era particularmente irritante no horário nobre, antes da minha, da sua, da nossa novelinha das oito. Dava até vontade de quebrar o televisor, ou então de arranjar alguns daqueles bonecos de vodu e alfinetar todos os malditos candidatos boçais e inoportunos que obstruíam meu sagrado direito ao lazer.

- Choldra ignóbil! - eu gritava e aproveitava para exercitar o vocabulário. - Bucéfalos! Biltres! Mentecaptos!

Mas isso foi há muito tempo, numa época em que eu tinha uma concepção purista da vida pública e ainda dava bola para a teledramaturgia nacional. De lá para cá, minhas opiniões mudaram que foi uma beleza.

Não pensem que vou bancar o hipócrita e pedir desculpas por minha aparente alienação. Num país onde se rouba às claras e na cara-dura, nada mais comum que o eleitor se aborreça com toda e qualquer ladainha sobre nossa realidade política, ainda mais quando estamos prestes a descobrir quem matou quem e por que na vida de mentirinha.

Também não vou dizer que amadureci e coisa e tal, ou que me tornei mais tolerante com os políticos, que infelizmente de modo geral continuam boçais e inoportunos. A única verdade compartilhável, confesso, é que de repente percebi como podem ser divertidos os "esquetes" da propaganda eleitoral. Nesses tempos em que se nota uma evidente crise de criatividade na TV brasileira, com excesso de reality shows e guinadas inverossímeis na trama das oito, o desfile das caricaturas que se apresentam como candidatos bem pode representar uma compensação ao telespectador.

E isso vale tanto para os exemplos nacionais como para os locais. Alguém aí consegue esquecer o homenzinho careca e barbudo que, graças ao slogan "Meu nome é Enéas!", conquistou o eleitorado e chegou a ocupar uma cadeira no congresso? E aquele outro ali do Oeste, o candidato-travesti, que falava grosso e afirmava que, na política, é preciso ter peitos?

Todo mundo viu: candidatos vestidos de ninja ou super-herói, candidatos que não conseguem soletrar o próprio nome, candidatos que criam os bordões mais estapafúrdios, candidatos que já prometeram derrubar a lei da gravidade e até mesmo combater a ejaculação precoce do eleitorado, a fauna é enorme e variada. Se você é daqueles que andam meio entediados com a TV, vá por mim: assista aos programas do horário eleitoral e revigore o bom humor.

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