terça-feira, 16 de setembro de 2008




As bolsas de valores continuam em queda no mundo todo. A turbulência no mercado financeiro se acentuou na segunda-feira, 15, após o pedido de concordata do banco norte-americano de investimento Lehman Brothers. No Brasil, a Bovespa caiu 7,59%; a bolsa de Nova Iorque teve maior baixa desde 11 de setembro de 2001, recuando 4,42%.

A situação, no entanto, não deve afetar o desempenho econômico do país. Para a economista e professora da Universidade de Campinas (Unicamp) Maria da Conceição Tavares, o PIB brasileiro não será influenciado pela crise na economia mundial.

- Nosso sistema bancário não está em crise. O deles (dos EUA) é que está. Nós não temos nada a ver com isso - afirma.

Ex-consultora do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), Maria da Conceição diz que a turbulência afeta, por ora, apenas a bolsa de valores. Ela pondera:

- A menos, é claro, que haja uma recessão cavalar que ainda não está à vista.

Em entrevista a Terra Magazine, a economista comenta ainda a intervenção do governo norte-americano para salvar da falência, com US$ 200 bilhões em dinheiro público, dos bancos Freddie Mac e Fannie Mae, gigantes do setor imobiliário.

- Isso é que é o liberalismo, o resto é conversa (risos).

Leia a seguir a entrevista com Maria da Conceição Tavares:

Terra Magazine - Como avalia a queda das bolsas nesta segunda-feira?
Maria da Conceição Tavares - O sistema financeiro internacional está ruim. Mas só está atingindo a bolsa, não está atingindo mais nada, graças a Deus. Eu estou muito tranqüila. No caso do Brasil, só atingiu as bolsas. Mas é claro, atinge o mundo inteiro, todas as bolsas.

Isso indica uma crise do capitalismo?
Sim, é uma crise do capitalismo, sem dúvida. A economia americana foi para o buraco e eles não estão conseguindo segurar o tranco. Eles estão com o sistema financeiro em pedaços. A crise da bolsa está ligada a essa questão do Lehman Brothers, eles não conseguiram vender a desgraça do banco. Como não conseguiram, já tinha a manchete de manhã. Quando aqueles bancões americanos entram em estado falimentar, a bolsa cai. Já teve vários. É natural. Cada um que entra no vermelho, as bolsas caem.

Como a senhora vê a intervenção do governo norte-americano para salvar esses bancos com dinheiro público?
Isso é que é o liberalismo, o resto é conversa (risos). Pois é, é sempre assim. O nosso programa de intervenção à época do Fernando Henrique, o Proer, custou baratinho. Esse custou caríssimo, e o problema é que está custando muito caro - para o Tesouro americano. Eles não quiseram intervir agora no Lehman Brothers; eles já haviam intervido na Fannie Mae e no Freddie Mac e aquilo custou caríssimo. Nesse, eles deixaram rolar. E deu pânico. Quando o tesouro não intervém e não financia, dá pânico na Bolsa.

Isso deve afetar o PIB brasileiro mais à frente?
Não, por enquanto não há evidências de que vá nos afetar. Nosso sistema bancário não está em crise. O deles (dos EUA) é que está. Nós não temos nada a ver com isso; na verdade, quando elas (as bolsas estrangeiras) caem, tem muito investimento na nossa bolsa, e as bolsas são mundiais, são todas abertas. Então quando cai uma, caem todas. Mas isso só atinge a bolsa, por enquanto. A menos, é claro, que haja uma recessão cavalar que ainda não está à vista.


Fonte:
Terra Magazine.
Diego Salmen

Um comentário:

Unknown disse...

depois dizem que nossa economia é independente!
claro é tão independente que uma quebra no 4 maior banco americano (ou do mundo sei la) fez nossos investidores vender as ações e provocar uma queda de 7,5%, detalhe quase o dobro da queda americana.
isto é que é independencia!!!
O senhor Dr. Henrique Meirelles, que não abra o olho, e controle nossa inflação, a coisa póde ficar feia!