quinta-feira, 18 de setembro de 2008




Fala-se tanto no Baião, então segue um pouquinho da história desse genero, tão brasileiro!

Segundo informa Câmara Cascudo, foi gênero de dança popular bastante comum durante o século XIX.
Em 1928 Rodrigues de Carvalho registrou que "...o baião, que é o mais comum entre a canalha, e toma diversas modalidades coreográficas".
Câmara Cascudo registra ainda a sua popularização no país, a partir de 1946, com Luiz Gonzaga, em forma modificada pela "inconsciente influência local do samba e das congas cubanas" - sendo o ritmo de sucesso vencendo o espaço então dominado pelo bolero.
Sua execução original era com sanfonas, que com a popularização passou a anexar o orquestramento.[2]
O primeiro sucesso veio com a música homônima - Baião - de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, cuja letra diz: "Eu vou mostrar pra vocês / Como se dança o baião / E quem quiser aprender / É favor prestar atenção." [4] e "(...) o baião tem um quê / Que as outras dancas não têm".
Gonzaga logo passou a dominar o gosto popular com outros sucessos no estilo do baião, a ponto de jornais da época registrarem que o ritmo tornara-se a "coqueluche nacional de 1949" (Radar) e era decisiva sua influência "na predileção do povo" (Diário Carioca).
A partir da década de 50, o gênero passou a ser gravados por diversos outros artistas, dentre os quais Marlene, Emilinha Borba, Ivon Curi, Carolina Cardoso de Meneses, Carmem Miranda, Isaura Garcia, Ademilde Fonseca, Dircinha Batista, Jamelão, dentre outros. Se Gonzaga era o "Rei do Baião", Carmélia Alves era tida como a Rainha, Claudete Soares a princesa e Luiz Vieira o príncipe. Após um período de relativo esquecimento, durante a década de 60 e a seguinte, no anos 70 ressurgiu com Dominguinhos, Zito Borborema, João do Vale, Quinteto Violado, Jorge de Altinho.
O ritmo influenciou ainda o tropicalismo de Gilberto Gil e o rock'n roll de outro baiano - Raul Seixas. Este último fundiu os dois ritmos, criando o Baioque"

O Baião é uma dança cantada. Criação nordestina, resultante da fusão da dança africana com as danças dos nossos indígenas e a dos portugueses colonizadores, refletindo na sua composição o caldeamento destas três raças.
O Baião, anteriormente conhecido como Baiano, por influência do verbo “baiar”, forma popular de bailar, baiar, baio (baile), na opinião do mestre Joaquim Ribeiro, sempre foi apreciado e praticado no Nordeste; depois foi-se difundindo por outras plagas e por fim atravessou com sucesso as fronteiras do País. A natureza do Baião não sofreu nenhuma transformação em sua
peregrinação para outras regiões. Apenas foi alterado em sua forma na migração para o Sul do País, visto que: após a execução do Baião, o dançarino convida outra pessoa para o substituir com uma umbigada, enquanto no Sul o convite ao substituto é assinalado com um estalar de dedos, à guisa de castanholas, em direção ao escolhido.

O Baião é formado dos seguintes passos: balanceios; passos de calcanhar; passo de ajoelhar; rodopio.
O Baião é dançado em pares.

Indumentária: Damas - vestido de chita ordinária com babados na saia, amplo decote e mangas curtas; sandálias coloridas.
Cavalheiros – calça de brim claro; camisa comum; sandálias de couro cru.

Instrumentos musicais: agogô, triangulo e sanfona.

Coreografia: os dançarinos e dançarinas formam-se em círculos, sentados ou em pé. Dançam aos pares no centro da roda. A dança consiste em movimento do ventre e sapateado, e a umbigada constitui a principal marcação do folguedo. A coreografia do Baião é individual e composta de dança cantada. A dança é executada com balanceios lascivos, rodopios, estalar de dedos e movimentos dos braços.
O ventre e os pés desempenham relevante papel na coreografia do Baião. O remelexo é executado com movimento do ventre, com sapateado típico, enquanto os braços se conservam abertos. Outra posição consiste em ficar o dançarino com o calcanhar para frente e a ponta dos pés para cima.

Passos mais conhecidos:

Balanceio: passo à frente com perna esquerda, flexionando-a ligeiramente sem apoiar o pé; o mesmo procedimento com a perna direita, mudando o peso do corpo para a perna que fica atrás.
Em cada mudança faz um balanceio, ficando as pernas semi-flexionadas e o tronco acompanhando o movimento. Reinicia-se o passo levando a perna de trás para frente. O cavalheiro executa esse passo segurando com a mão direita o punho esquerdo atrás do corpo, à altura da cintura. A dama coloca o braço esquerdo na perna e avança. A palma da mão para baixo. A outra mão apóia-se nos quadris. Olhar sempre à frente.

Passo de calcanhar: o calcanhar esquerdo apoiado obliquamente à frente; perna estendida; inclinando o tronco e a cabeça para a esquerda. Em seguida unir o pé direito ao esquerdo, levantando o tronco e a cabeça. Depois apoiar o calcanhar direito obliquamente à frente, unir o pé direito como foi dito, então, cruzar as pernas, a esquerda atrás da direita levemente flexionada, apoiando o pé pela ponta, inclinado o tronco e a cabeça para a direita. Um passo oblíquo à frente, com o pé esquerdo, unindo a perna direita à esquerda e voltando a posição normal.

Passo de ajoelhar: saltitando, caindo sobre a perna esquerda, flexionando e apoiando o pé lateralmente. Aproximam-se os punhos como a comprimi-los quando unem-se os pés, e colocando-os obliquamente para a frente, enquanto a perna direita fica estendida obliquamente para trás. Os braços ficam sempre levantados para frente. A seguir, sempre saltitando, coloca-se
a perna direita em diagonal à frente e a esquerda para trás, volvendo a perna direita junto com a cabeça para o lado esquerdo. Ao mesmo tempo ajoelha-se.

Rodopio: cruzando a perna direita na frente da esquerda, flexionando ao mesmo tempo que movimenta a cabeça e tronco, cruzando os braços pendidos na frente do corpo. Iniciar com um giro pela direita, elevando-se gradativamente o tronco, a cabeça e os braços, que abrem em forma de arco oblíquo para cima, enquanto as pernas se estendem. O giro é feito sobre o pé direito que se desloca, movimentando-se no lugar sobre a ponta, enquanto o esquerdo na fase final se coloca em afastamento lateral. Rodopio. Em seguida levar a perna direita para junto da esquerda, apoiando-se à ponta do pé e fazendo com ambas uma semi-flexão seguida de extensão. Balanceio com movimento dos quadris. Trejeito com pequeno afastamento para a frente apoiando o dorso das mãos nos quadris, cotovelos ligeiramente para frente balançando-se sobre as pernas e fazendo rotações com o corpo ora para a direita, ora para a esquerda. Depois, um pequeno afastamento para frente, flexionando lentamente as pernas com o cotovelo esquerdo na mão direita.

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